A arborização de rodovias compreende preparo do solo, escolha do espaçamento, abertura das covas, adubação, combate às formigas, plantio, tutoramento, proteção e manutenção.
Preparo do solo - O preparo do solo na faixa de domínio deve-se restringir a uma roçada. Se necessário, pode-se preparar o terreno com escarificadores ou sub-soladores.
Não se deve capinar nem passar grades aradoras, pois provocam um grande revolvimento do solo, expondo-o à erosão. Isso é particularmente importante em locais onde a declividade do terreno é no sentido da pista de rolamento.
Não se deve queimar a área ou ainda deixar tocos expostos, pois são elementos desagradáveis quando visíveis nas margens das rodovias. Deve-se arrancá-los com destocadores, ou então rebaixá-los, com machado ou motosserra, o que é mais aconselhável.
Durante o preparo do solo deve-se procurar conservar toda planta útil. Os taludes de cortes e aterros devem ter rampas suaves, de no máximo 2:1, para oferecer condições apropriadas ao desenvolvimento da vegetação.
Escolha do espaçamento - O espaçamento entre as plantas varia com o seu porte. Deve-se deixar espaço suficiente para que as plantas completem o seu pleno desenvolvimento, sem que haja grande competição por água, luz e nutrientes.
As árvores, normalmente, ficam espaçadas 3x3 m (árvores de copas pequenas) até 10x10 m (árvores de copas grandes). Os arbustos, em geral, distanciam-se desde 0,5x0,5 m (arbusto-anão), até 2x2 m (arbusto alto).
Não há regra a seguir em termos de espaçamento entre plantas, cabendo ao paisagista decidir sobre o modo mais adequado de distribuir as árvores e os arbustos, para melhor composição da paisagem.
Abertura de covas - Antes de sua abertura, as covas devem ser marcadas com estacas, que permitam dispor adequadamente as plantas, de acordo com o plantio que se quer realizar. Uma vez definida a melhor distribuição das plantas, faz-se a abertura das covas.
Seu tamanho varia de 0,5x0,5x0,5 m até 1x1x1 m, de acordo com as características do solo e do tamanho do torrão que acompanha as mudas, principalmente aquelas aproveitadas de regeneração natural. De modo geral, a arborização na faixa de domínio é feita em terrenos pobres e, muitas vezes, em subsolo, uma vez que a camada superficial é usada na construção da estrada. Desta forma, recomenda-se que a cova tenha as dimensões de 1x1x1 m.
Adubação - A adubação deveria se basear em amostras do solo e em função da espécie a ser plantada. No entanto, o caráter linear de trabalho e o desconhecimento das necessidades da maioria das espécies utilizadas levam à adoção de uma adubação padrão, salvo quando o solo der mostras de precisar de suplementação ou a exigência da espécie em questão for bem conhecida. Por isso, recomenda-se adubação orgânica, mineral e calagem em dosagem bem generalizada.
A adubação que se mistura com a terra de enchimento da cova é, principalmente, feita com composto orgânico, na proporção de duas partes de terra para uma parte de composto.
Podem-se usar, também, 20 L de composto orgânico, 100 g de NPK 6-30-6 e 200 g de calcário dolomítico por cova, sendo este material misturado com a terra retirada da cova.
Outros tipos de adubação podem ser feitos; no entanto, salienta-se a importância da colocação dessa mistura na cova logo após o seu preparo, deixando-a em repouso por um período de, no mínimo 15 dias.
Os taludes de cortes e aterros normalmente apresentam-se com a terra de subsolo, sem matéria orgânica e pobre quimicamente; muitas vezes é necessário acrescentar terra mais rica em matéria orgânica e adubos minerais.
Combate às formigas - O combate as formigas-cortadeiras, saúvas e quenquéns, é operação imprescindível para o sucesso do revestimento vegetal de uma rodovia. Ele deve ser realizado antes, durante e após o plantio. Essa operação pode ser feita com iscas granuladas.
Plantio - O plantio de blocos de árvores da mesma espécie é anti-estético, devendo-se plantar maior número de espécies, a fim de permitir contraste entre cores, formas e folhagens. Além disso, o plantio de uma única espécie, num bloco, pode favorecer o aparecimento e a proliferação de pragas e doenças.
Ao efetuar o plantio, certificar-se de que a faixa de domínio esteja devidamente cercada. Não se pode conceber um trabalho de ornamentação vegetal da faixa rodoviária sem primeiramente cercá-la.
As mudas de espécies arbóreas/arbustivas devem ter altura superior a 1,80 m e diâmetro, à altura do peito, maior que 2,5 cm, pois as mudas, uma vez plantadas na faixa de domínio, ficam expostas a muitas condições adversas, sendo praticamente impossível dar a assistência que mudas pequenas requerem.
Após o plantio, fazer uma bacia em volta da muda, cobrindo com uma camada de palha ou material semelhante, para diminuir a evaporação da água do solo e reter maior quantidade de água das chuvas.
Para os revestimentos dos taludes de corte e aterro, pode-se usar diversos tipos de gramíneas e leguminosas. Ao plantar gramas, pode-se utilizar placas de plantas vivas; no caso de sementes de gramas ou capins, pode-se distribuí-las a lanço ou pela hidrossemeadura. Os bambus e as taquaras são plantados usando-se estacas, preparadas de seus colmos. No caso de leguminosas com amplo sistema radicular, são geralmente empregadas mudas ou placas e, raramente, a semeadura direta.
A melhor época do ano para fazer o plantio é no início da estação chuvosa, variável de acordo com a região.
Tutoramento - O tutoramento consiste em colocar estacas individuais ao lado de cada muda, onde elas são amarradas, para que não sofram com a ação do vento. Essas estacas devem ter a altura da muda e o diâmetro maior que 5 cm, devendo ser enterradas, aproximadamente 50 cm no solo e fixadas solidamente. De preferência, a base das estacas deve ser tratada com preservativos de madeira, visando aumentar sua vida útil.
As mudas devem ser amarradas ao tutor com material que não danifique o tronco da árvore, sendo preferidos aqueles que se degradam com o tempo, como o sisal e a corda; nunca se deve usar arame. Os amarrilhos, que devem ter a forma de um oito deitado, devem ser substituídos periodicamente.
Proteção - Além da faixa de domínio estar devidamente cercada, outro cuidado que se deve ter é com os incêndios. Deve-se fazer aceiros em toda a extensão da rodovia, para se evitar a ocorrência ou a propagação de incêndios, que são grandes inimigos da arborização rodoviária.
Esses aceiros devem ter largura que varie de 2 a 5 m, ou mesmo mais, dependendo da altura da vegetação da faixa. De 500 em 500 m deve-se fazer um outro aceiro, perpendicular à pista de rolamento, com o mesmo objetivo.
Manutenção - A arborização rodoviária quase não necessita de manutenção. Durante os primeiros anos após o plantio devem-se vistoriar os amarrilhos da planta ao tutor e, se necessário, substituí-los adequadamente.
O combate às formigas é operação imprescindível que deve ser realizada periodicamente, no mínimo de seis em seis meses.
Os aceiros devem ser limpos a cada ano e sempre após o período chuvoso, antes da estação normal de fogo em cada região.
Muitas vezes, há a necessidade de se fazer uma roçada no sub-bosque da faixa de domínio. Essa operação pode se tornar perigosa por dois motivos: primeiro, por danificar o tronco das mudas plantadas e, segundo, por aumentar a quantidade de material combustível. Recomenda-se retirar o material roçado das faixas, para diminuir o risco de incêndios.
Fonte: Paiva, Haroldo Nogueira. Arborização em rodovias - Viçosa: UFV, 30p. (Cadernos didáticos; 84) 2001.