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quarta-feira

Estudo busca soluções para resíduos de arborização urbana

Alicia Nascimento Aguiar, da Assessoria de Comunicação da Esalq
32% dos resíduos da arborização urbana vão para terrenos a céu aberto

Uma pesquisa desenvolvida recentemente na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, procura alternativas para o destino do lixo proveniente das árvores das cidades. Realizada pela graduanda em Gestão Ambiental da Esalq Mariana Cerca, o estudo traçou um diagnóstico sobre a gestão de resíduos da arborização urbana nos pequenos municípios do Estado de São Paulo. De acordo com a aluna, “a falta de modelos adequados para o gerenciamento dos resíduos tem contribuído para agravar os problemas ambientais, sociais e econômicos resultantes da disposição inadequada desses materiais, terrenos baldios, lixões e vias públicas”.
O gerenciamento inadequado da gestão dos resíduos de arborização urbana tem resultado em elevados custos para os municípios, comprometimento de grandes áreas para disposição, degradação e poluição do meio ambiente, além do desperdício de materiais com potencial de aproveitamento. A questão está relacionada a um dos principais desafios dos centros urbanos – a correta destinação dos resíduos sólidos.
No desenvolvimento do projeto, que se chama Gestão de Resíduos da Arborização Urbana em Pequenos Municípios do Estado de São Paulo, orientado pela professora Adriana Nolasco, do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da Esalq, foram entrevistados técnicos, secretários e diretores da área ambiental das prefeituras municipais das regionais administrativas do Estado, com população inferior a 35.000 habitantes, que contabilizam a maioria das cidades de São Paulo (74%). Dos 472 municípios nessa categoria, obteve-se retorno de 100, ou seja, uma amostra de 21%.
De quem é a responsabilidade?
Mariana pesquisou quatro aspectos relacionados à poda e remoção das árvores: autorização, realização do serviço, responsável pela destinação do resíduo e destinação. As prefeituras são quem mais autorizam as podas – foi o que aconteceu em 94% dos municípios. É o poder público que também mais realiza esse serviço (42%, sozinha, e mais 21% junto aos moradores) e que se responsabiliza pelo destino final dos resíduos – em 93% das cidades pesquisadas, é a administração municipal que cuida desse assunto. Entre os principais destinos, estão terrenos a céu aberto (32%), aterro (24%), valorização (33%), outros (11%).
Diante da estatística, é possível concluir que a prefeitura é o principal responsável pelos serviços de poda e remoção e pela gestão dos resíduos da arborização urbana. Entretanto, a maioria dos municípios (95%) não possuem qualquer estimativa quanto aos custos com esses serviços e quanto ao volume de resíduos gerados (56%), informações fundamentais para a elaboração e implementação de políticas públicas e planos de gerenciamento.
A pesquisa foi premiada pelo Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais

Ações e atraso
Quanto a ações para a redução da geração de resíduos da arborização urbana normalmente adotadas, somente 30% indicou alguma ação nesse sentido (controle e fiscalização da poda, planejamento da arborização e promoção de ações educativas).
Entre as formas de valorização, a mais citada foi a compostagem, em 19% dos municípios, seguida pelas parcerias com padarias, olarias, cerâmicas ou indústrias de região que usam o resíduo como fonte de energia (15%). Já a falta de mão de obra qualificada para a realização dos serviços de poda e remoção, foram apontados como os principais problemas na gestão de resíduos.
Enfim, o trabalho de Mariana chega a conclusão de que a gestão da arborização urbana ainda é realizada de forma inadequada na maioria dos pequenos municípios do Estado. “A capacitação dos técnicos/responsáveis para elaboração de planos de gerenciamento de resíduos é um dos principais desafios para a correta destinação”, comenta a estudante.
Premiação
O trabalho de Mariana foi apresentado no 19º Simpósio de Iniciação Científica em Agropecuária, no último mês de novembro, e, além disso, foi um dos quatro brasileiros premiados pelo Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais. Os ganhadores, apresentaram, em outubro deste ano, na Alemanha, seus projetos para jovens de 17 países e discutiram diferenças entre as questões ambientais e soluções para problemas comuns.
Mais informações: (19) 2105-8634, com a professora Adriana Nolasco
 Fonte: Agência USP - Link matéria

Em BH, homem transforma árvores derrubadas em arte

Daniel Lisboa deixou a construção civil para trabalhar com o que mais gosta: esculturas (Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Daniel Lisboa deixou a construção civil para trabalhar com o que mais gosta: esculturas
Há mais de 40 dias, a enfermeira Renata Torres, de 29 anos, assiste a uma cena inusitada. Todas as manhãs, enquanto espera o ônibus no canteiro central da Avenida Cristiano Machado, no Bairro Cidade Nova, Região Nordeste da capital, ela vê um homem franzino trabalhar com um formão. Com destreza, o carpinteiro Daniel Lisboa de Oliveira, de 43, transforma toras de madeira em obras de arte.

São araras, corujas e águias, algumas de até 1,70m de altura e 80 quilos. “O trabalho dele é fantástico. Mesmo sob esse sol, ele continua a criar”, diz Renata, com aprovação da mãe, a comerciante Ofélia Torres, 57: “Muito bom ele estar reciclando essa madeira, que, aparentemente, não vai ter uso”.

O artista aproveita parte das quase 500 árvores derrubadas para dar passagem ao BRT (sigla em inglês para transporte rápido por ônibus) e abandonadas ao longo do canteiro central da avenida. A prefeitura já suprimiu 11.332 espécimes este ano em toda a cidade. Do monte de toras amontoadas, Daniel usa sobretudo as de vinhático, madeira nobre considerada uma maná pelos artesãos e escultores. Nos intervalos da chuva no sábado e domingo, ele instalou sua oficina ambulante – uma sacola com formão, machadinha, trena e marreta de borracha – em frente ao número 2.101, bem perto do Feira dos Produtores.

Da obra para a avenida O corte das árvores começou em 13 de outubro e, dois dias depois, avisado por um colega, Daniel estava na área. “Trabalhava como carpinteiro numa obra no Bairro Belvedere, pedi demissão e me mandei para cá.” Segundo ele, como a construção civil anda em alta, com empregos sobrando, ele se sentiu à vontade para deixar tudo e aproveitar a raríssima oportunidade de ter centenas de árvores à sua disposição.

O escultor revela que chegava a ganhar até R$ 2,7 mil na obra, mas ganhará mais com as esculturas. Ele leva cerca de cinco horas para fazer uma águia grande, por exemplo, que vende por R$ 350. Daniel calcula que fez 40 esculturas na Cristiano Machado, em meio ao caos de buzinas e fumaça. Quando não vende ali, guarda as peças num local perto ou leva para sua casa, no Bairro São Cristóvão.

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terça-feira

Artista transforma árvores caídas em “esculturas mobiliárias”

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Hugo França dá novas formas a árvores caídas/ Foto: Archivio Perini

As chuvas recorrentes no estado de São Paulo costumam derrubar árvores que muitas vezes bloqueiam vias e causam congestionamentos. Outras vezes, elas caem em locais favoráveis para o designer Hugo França, que transforma destruição em arte. Seu trabalho é usar árvores mortas e caídas como matéria-prima para móveis com design artístico.
"Não deveríamos jogar no lixo as árvores que caem, mas convertê-las em coisas belas e úteis", defendeu o artista em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Seu trabalho, portanto, nasce das formas da natureza - cabe à França reinterpretá-las e fornecer uma nova função à peça, o que a torna exclusiva e sustentável.
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França comercializa os móveis que faz principalmente para o exterior/ Foto: Divulgação

Projeto comunitário
Formado em engenharia de produção em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, França contou à Folha que almeja transformar a sua habilidade em um projeto comunitário. O artista está à frente de uma iniciativa de reaproveitamento de árvores dentro do perímetro urbano, que pretende transformar as plantas derrubadas em mobiliário público.
O projeto já está sendo colocado em prática numa parceria com o Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Nele, árvores que caíram ou precisaram ser retiradas estão sendo transformadas em móveis que enfeitarão o próprio parque.
O segundo passo do projeto será a criação de uma escola para formar mão de obra especializada na área de escultura em árvores. Ele pretende comandar um workshop no Museu do Açude, no Alto da Boa Vista. De quarta a sexta, estudantes de escolas públicas e faculdades conhecerão in loco o seu processo de criação.
O conhecimento em design do artista gaúcho começou na sua época de militância esquerdista e filosofia hippie, quando resolveu se tornar pescador e utilizou barcos velhos para fazer peças de mobiliários e ganhar uns trocados. “Misturei um pouco das minhas habilidades com marcenaria com meus conhecimentos em engenharia”, contou.
Além de criar peças para uso da comunidade, França também comercializa os móveis que faz. No site é possível visualizar suas criações e ainda entrar em contato com o artista. Algumas de suas obras já foram vendidas em outros países e chegam a custar US$ 100 mil.
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Foto: Divulgação

Do lixo e resíduo ao Luxo!