Pavimentos permeáveis

Eder Henrique Moura Santos - eder@arboreo.net

Acadêmico de Engenharia Civil, UTFPR 

    Pavimentos são necessários em prioridade para proporcionar resistência e acessibilidade aos transeuntes, por estes motivos a fabricação do mesmo é realizada de forma que seja impermeável, isso acaba gerando um rigoroso impacto ambiental, que por sua vez poderia ser amenizado com a implementação de um pavimento permeável.

     Os pavimentos permeáveis têm como função evitar o escoamento superficial, garantindo assim que praticamente 100% da água seja infiltrada através da sua estrutura, e com isso transportada para o solo ou para sistemas auxiliares de drenagem, amenizando o escoamento superficial, reduzindo riscos de enchentes e favorecendo a absorção de água pelas raízes das árvores e vegetação presente nos locais onde é utilizado.

            Pavimento de concreto permeável é definido como aquele que possui em sua estrutura espaços livres onde a água possa atravessar. Para que isso ocorra o concreto produzido na construção do pavimento, além de conter cimento, agregado graúdo e aditivos, devem conter pouco ou nenhum agregado miúdo e pouca água, criando assim concreto que tenha grande quantidade de vazios por onde a água possa infiltrar, sendo necessária a utilização de sub-base granulosa para armazenamento da água com sua espessura previamente calculada, pois se o solo for compacto e impermeável a água que fica na sub-base não consegue se transferir rapidamente para o lençol freático e acaba retida na mesma, ocasionando assim acúmulo prolongado de água na sub-base. Neste caso, as camadas de pedra da estrutura podem encher e transbordar pela superfície. Em face disso é recomenda-se realizar o cálculo da espessura do pavimento levando em consideração a resistência do concreto, a quantidade de chuva e o cálculo hidrológico da região.

                                   

          Deve-se atentar na construção do sistema de concreto permeável para que garanta suas essências, alto coeficiente de permeabilidade (≥ 1,40 x 10^-3 m/s), que indica a velocidade de infiltração do solo, em m/s; baixo coeficiente de escoamento ou “runoff” (≤ 0.05), que por sua vez é a relação entre o volume total escoado pela secção de controle e o volume total precipitado, sendo assim possível fazer uma comparação de coeficiente de escoamento ou deflúvio superficial (Tabela 1).

Tabela 1. Comparação de coeficiente de escoamento ou deflúvio superficial por zonas de São Paulo – SP.

Zonas	Deflúvio superficial
De edificação muito densa (ou grandes áreas impermeabilizadas)	0,70 a 0,95
De edificação não muito densa	0,60 a 0,70
De edificações com poucas superfícies livres	0,50 a 0,60
De edificações com muitas superfícies livres	0,25 a 0,50
De subúrbios com alguma edificação	0,10 a 0,25
De matas, parques e campos de esportes	0,05 a 0,20

               

Tendo em vista que o concreto permeável tem um deflúvio superficial menor ou igual a 5%, fica claro que a sua implantação e de grande valor agregado a questão ambiental.

Outra grande vantagem do concreto permeável e que a área implantada com o concreto permeável conta como área drenante, podendo ser usado para adequar projetos à legislação, respeitando a permeabilização exigida pelos órgãos públicos, e permitindo assim um melhor aproveitamento dos terrenos.

Em contra partida o concreto permeável tem como desvantagem, a resistência, tendo em vista que para se ter maior permeabilidade, necessita um maior volume de vazios e, portanto, haverá menos resistência. Por isso esse sistema de drenagem e mais recomendado a locais com menor solicitação de carga, como estacionamentos, ciclovias e calçadas, e deve-se considerar se não e uma área de risco de contaminação, visto que a água infiltra para o solo. Outro ponto que agrega negativamente e o custo do sistema, tomando como base a implantação e a manutenção, tendo em mente que o sistema sofre com a colmatação e a implantação e mais cara que outros pavimentos, o custo acaba sendo maior que outros pavimentos também.

A tecnologia de concreto permeável e mais utilizada nos Estados Unidos, França e Japão. No Brasil há uma presença muito tímida sobre a tecnologia, com implantações isoladas, uma delas, tendo como base uma pesquisa em 2009, com a construção de um estacionamento de 1600 m² na Universidade de São Paulo (USP), de um lado do estacionamento foram usados blocos de concreto poroso intertravados e do outro lado foi usado asfalto permeável, tema da dissertação de mestrado de Afonso Virgiliis pela Universidade de São Paulo (USP).

Bibliografia consultada:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE CONCRETAGEM. Concreto Permeável, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Peças de concreto para pavimentação. Especificação NBR 9781. Rio de Janeiro, 1987.

____________. Agregados. Determinação da massa unitária e do volume de vazios. NBR NM 45.

Rio de Janeiro, 2006.

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Pervious Concrete. ACI – 522R-06. Michigan, 2006.

MAZZONETTO, C. Revista Infraestrutura Urbana. Tecnologia. Edição 13, 2011. Disponível em: Acesso em: 26/10/2014

WILKEN, P.S. Engenharia de drenagem superficial, 1978.

Estacionamento em Barueri recebe 22 mil m² de pavimento permeável

Blocos intertravados têm maior espaçamento entre si e base do piso, sem compactação, é formada por materiais granulares que permitem a passagem da água 

Mauricio Lima

O estacionamento do Parque Shopping Barueri, na região metropolitana de São Paulo, contará com cerca de 22 mil m² de pavimento intertravado permeável, a maior área desse tipo de piso já instalado no País. A tecnologia é implantada pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e a obra é executada pela Construcap.

Segundo o Gerente de Projetos de Inovação da ABCP, Cláudio Oliveira Silva, a principal diferença com relação aos pavimentos comuns é que a base não é compactada. "No caso do pavimento permeável, diferentemente do pavimento intertravado convencional, a camada de assentamento é composta por um material um pouco mais grosso que a areia, para proporcionar os vazios que permitem a passagem da água", diz. 

Os blocos intertravados são espaçados em 6 mm, que depois serão rejuntados com um tipo de brita mais grossa, que permanece estável no solo. O material fino seria levado pela água e acabaria se assentando, deixando espaços indesejados na parte superior e causando movimentação ou afundamento dos blocos. O pavimento permeável não pode, no entanto, ser utilizado em locais de tráfego pesado. No caso da obra em Barueri, os caminhões passarão por uma via com piso intertravado comum.

O engenheiro explica que em locais onde o solo é mais compacto, dificultando a absorção da água, é possível instalar um sistema de drenagem. Nesses casos, o piso também proporciona o retardo da chegada da água ao sistema de drenagem, impedindo sua saturação em caso de grandes chuvas. Isso porque a água tem de passar por uma camada de quase 1 m de brita até chegar ao cano. Além disso, essa demora faz também com que a temperatura do piso diminua, reduzindo a quantidade de ilhas de calor.

O processo de instalação é relativamente rápido. Segundo Silva, os 22 mil m² de pavimento permeável foram instalados em aproximadamente 40 dias.

Com relação ao custo, o engenheiro afirma que não há muita diferença de preço, já que em um sistema de pavimento comum seria necessário criar canaletas e bueiros, aumentando o custo da obra.

Para verificar a permeabilidade do pavimento, é realizado um ensaio onde o piso é inicialmente saturado. Depois disso, é medido o tempo que a água leva para ser absorvida pelo pavimento. Com base em um cálculo de coeficiente de infiltração, o pavimento é classificado como de alta, média ou baixa permeabilidade.

A ABCP está trabalhando atualmente na adaptação para o Brasil da norma técnica norte-americana para esse tipo de pavimento.

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