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terça-feira

As plantas e a atração de polinizadores e visitantes florais

Pigmentos e substâncias voláteis conduzem o polinizador e o dispersor de frutos a suas fontes de alimento.
Uma vez que ambas as partes terão vantagens, as substâncias de atração atuam como sinomônios (substância infoquímica cujo benefício é para planta e o visitante). 

A coloração das partes florais (pétalas, anteras, e pólens) e dos frutos ocorre devido aos pigmentos ligados às biomembranas (carotenóides), às paredes celulares (flobafeno marrom e melanina preta) e aos glucosídeos dissolvidos no suco celular. A cor depende da estrutura molecular do pigmento (estrutura básica dos flavonídes, da betalaína e dos carotenóides), das substituições na estrutura básica, de possíveis ligações com o Fe3+ e o Al3+, formando complexos, e do valor do pH do suco celular. Dessa forma, é possível a ocorrência de um fino gradiente de cor, do creme passando pelo amarelo, rosa, vermelho azul, até o violeta-escuro. O ultravioleta assinala o acesso às flores para os himenópteros e alguns dípteros que conseguem enxergar este comprimento de onda em partes florais. Os pássaros são atraídos pelas cores fortes e também pelo ultravioleta que é refletido na superfície cerosa de alguns frutos.

Substâncias aromáticas atraem insetos, pássaros e mamíferos até as flores e os frutos nas épocas mais favoráveis, quando estão abertos ou maduros, respectivamente. Frequentemente, essa emissão está sincronizada com as horas de atividade do polinizador (mariposas, morcegos) ou do frugívero.

As essências voláteis emitidas pelas plantas são quase sempre misturas de compostos do metabolismo secundário, especialmente monoterpenos (óleos essenciais) álcools alifáticos, cetonas, ésteres, ácidos graxos, compostos aromáticos (vanilina, eugenol), aminas e derivados do indol. Um caso especial é representado pela alta especificidade entre o polinizador e espécies de orquídeas do gênero Orphiys. Neste caso, terpenóides cíclicos exalados da orquídea imitam um feromônio sexual de abelhas selvagens. Por meio do movimento de copulação do macho, iludido com as partes florais, dá-se o complicado transporte de pólen até o estigma.

Tipos de pigmentos nas flores e os polinizadores correspondentes (Habone,1988 - modificado).

Cor  (Pigmento) - Polinizador

Branco, creme (Leucoanto-cianidina) - Principalmente abelhas
Amarelo (Carotenóides, flavonóides, chalconas) - Abelhas, borboletas e pássaros
Amarelo/púrpura (Betalaína) - Abelhas, borboletas
Laranja (Carotenóides, pelargonidina + aurona) - Abelhas, borboletas e pássaros
Rosa (Peonidina) - (Abelhas*), dípteros, borboletas e pássaros
Vermelho/púrpura (Pelargonidina, cianidina, carotenóides) - (Abelhas*), dípteros, borboletas e pássaros
Azul (Cianidina, delfinidina) -  Abelhas, borboletas e pássaros
Violeta (Delfinidina) - Abelhas e borboletas
Verde (Clorofilas) - Dípteros e morcegos

* As abelhas e outros himenópteros não são capazes de enxergar o vermelho; nas flores vermelhas, elas são guiadas pelo UltraVioleta do néctar e pelo amarelo ou azul dos estames.

Fonte: Larcher, Walter. Ecofisiologia Vegetal. São Carlos: Rima, 531p., 2000. 
 
Algumas árvores para atrair abelhas:

  Cordia trichotoma – louro-pardo;
  Mutinga calabura – calabura;
  Caesalpinia peltophoroides – sibipiruna;
  Cassia leptophylla – falso-barbatimão;
  Schizolobium parahyba – guapuruvu;
  Senna bicapsularis – canudo-de-pito;
  Anadenanthera colubrina – angico;
  Tibouchina granulosa – quaresmeira;
  Cecropia pachystachya – embauba;
  Morus nigra – amora;
  Eucalyptus tereticornis – eucalipto-vermelho;
  Hovenia dulcis – uva-do-japão;
  Citrus limon – limão-siciliano;
  Dombeya wallichii – astrapeia;
  Luehea divaricata – açoita-cavalo;
  Vitex agnus-castus – vitex;
  Chorisia speciosa – paineira.