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segunda-feira

Produtos biológicos

 Shocker® : primeiro fungicida microbiológico registrado no Brasil composto por três organismos (duas bactérias e um fungo) registrado para o controle de Podridão Radicular (Rhizoctonia solani) e Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum). O produto reduz a capacidade de instalação das doenças, favorecendo o desenvolvimento de raízes sadias que irão explorar melhor o solo.

Auin® CE: inseticida microbiológico registrado para o controle de Diabrotica speciosa, popularmente conhecido como Vaquinha-verde-amarela. É composto pelo fungo Beauveria bassiana – amplamente utilizado para o manejo de pragas no Brasil e no mundo. O produto oferece todas as vantagens do controle biológico, pois não deixa resíduos químicos nas plantas, frutos ou no ambiente.

Gr-inn®: é um inseticida biológico de alta capacidade de parasitismo e adaptação às condições do campo. Pode ser utilizado para o manejo das Cigarrinhas-das-raízes da cana (Mahanarva fimbriolata), das Cigarrinhas-das-pastagens (Zulia entreriana) e das Cigarrinhas-dos-capinzais (Deois flavopicta).



Casa Bugre | Agrivalle apresentam soluções tecnológicas no Biocontrol Latam 2019

Entre os dias 28 e 30 de agosto, Casa Bugre | Agrivalle esteve presente no Biocontrol Latam 2019. O evento, que aconteceu na cidade de Campinas-SP, reuniu mais de 350 especialistas mundiais para debater o atual momento e as perspectivas do segmento de controle biológico aplicados na agricultura.

Pioneira no segmento de biológicos, a Agrivalle apresentou soluções como o Shocker®, Auin® CE e Gr-inn®. Shocker® é o primeiro fungicida microbiológico registrado no Brasil composto por três organismos (duas bactérias e um fungo) registrado para o controle de Podridão radicular (Rhizoctonia solani) e Mofo-branco (Sclerotinia sclerotiorum). O produto reduz a capacidade de instalação das doenças, favorecendo o desenvolvimento de raízes sadias que irão explorar melhor o solo.

O inseticida microbiológico Auin® CE está registrado para o controle de Diabrotica speciosa, popularmente conhecido como Vaquinha-verde-amarela. É composto pelo fungo Beauveria bassiana – amplamente utilizado para o manejo de pragas no Brasil e no mundo. O produto oferece todas as vantagens do controle biológico, pois não deixa resíduos químicos nas plantas, frutos ou no ambiente.

Por fim, o Gr-inn® é um inseticida biológico de alta capacidade de parasitismo e adaptação às condições do campo. Pode ser utilizado para o manejo das Cigarrinhas-das-raízes da cana (Mahanarva fimbriolata), das Cigarrinhas-das-pastagens (Zulia entreriana) e das Cigarrinhas-dos-capinzais (Deois flavopicta).


Sobre a Casa Bugre 
A Casa Bugre investe no campo prestando serviços e estando ao lado do agricultor, pesquisando e desenvolvendo soluções que afetam diretamente a sustentabilidade das lavouras. Desde 1981, se dedica não só a distribuição de sementes e produtos agrícolas, mas também ao compromisso de auxiliar o produtor rural com sementes de qualidade, produtos com inovações tecnológicas e sustentáveis. Hoje, conta com três sedes atuando na distribuição e desenvolvimento de diversos insumos agrícolas em nove estados do país.


Sobre a Agrivalle
A Agrivalle é uma empresa de tecnologia e inovação que atua há 16 anos desenvolvendo produtos biológicos, fertilizantes e bioestimulantes. Com sede em Salto (SP), a companhia é uma das pioneiras no segmento de biológicos do Brasil, investindo em pesquisa para associação de microrganismo nas mais variadas situações e demandas das plantas, para que possam expressar o máximo potencial genético.

Informações para Imprensa:
Alfapress Comunicações

Biosur lança bioinseticida INSIDER para o controle da mosca-branca

A empresa chilena Biosur lança o INSIDER®, um novo inseticida biológico altamente eficaz para o controle da mosca-branca, formulado com esporos do fungo entomopatogênico Verticillium lecanii , um microrganismo que infecta e mata a mosca-branca em vários estágios de crescimento.
INSIDER® é registrado contra moscas brancas em plantações de pimenta e tomate. Além disso, é totalmente compatível com a fauna auxiliar e polinizadores, pois é um produto altamente seletivo, o que significa que atua apenas sobre algumas espécies, neste caso a mosca-branca, sendo inócuo sobre o restante das espécies de insetos, animais, aquicultura. fauna e meio ambiente.
Recomenda-se dois ou três tratamentos seguidos de INSIDER® para máxima eficácia, com 5 ou 6 dias entre os tratamentos, umedecendo bem a cultura.
O INSIDER® não deixa nenhum tipo de resíduo na cultura, possui um período de segurança de 0 dias, é certificado também para agricultura orgânica. Sua aplicação em conjunto com outros produtos inseticidas usados ​​para mosca branca produz um efeito altamente sinérgico e uma eficiência muito alta.
Atua principalmente nos estágios larvais da mosca branca, por isso é interessante misturá-la com um produto adulticida, para cobrir todas as fases da vida da mosca.
Agropages, 29/04/2019
Fonte Imagem: Reprodução

quinta-feira

Controle biológico por conservação


Fonte: YouTube

Utilização do Controle Biológico na agricultura brasileira: realidade ou ficção?

Opções de controle de pragas agrícolas (insetos) como alternativas aos métodos químicos convencionais, dentro de uma filosofia de manejo integrado de Pragas (MIP). Dentre tais opções dar-se a ênfase ao controle Biológico. Como utilizá-lo e as vantagens e desvantagens desta opção de controle. Qual o motivo dele ainda ser pouco utilizado no Brasil (e no mundo) e qual o estágio atual do nosso país com relação ao Controle Biológico incluindo empresas que comercializam tais agentes de controle.




Fonte: Ciencia19h IFSC/USP - You Tube

quarta-feira

O futuro do controle biológico

Arbóreo participou do evento: O Futuro do Controle Biológico realizado no Anfiteatro do Departamento de Entomologia e Acarologia da ESALQ-USP em Piracicaba,SP.

No evento palestraram:

J.van Lenteren -Wageningen - University-Netherlands (Biodiversity explotation for agrochemicals reduction)
José Roberto Postalli Parra – ESALQ/USP (O Futuro do Controle Biológico com parasitoides e predadores)
Ítalo Delalibera Jr. - ESALQ/USP (O Futuro dos pesticidas microbianos)
Celso Omoto – ESALQ/USP (A importância das plantas geneticamente modificadas, para resistência a insetos, no futuro do Controle Biológico) 
Willem Ravensberg – Koppert Biological Systems (The development and commercialization of microbial pest control products: Strategy and industry perspective) 
Antonio Carlos Zem - FMC (O mercado de produtos biológicos sob o ponto de vista de empresas líderes do mercado de agroquímicos) .

Foto divulgação: José R. P. Parra, Celso Omoto (ESALQ-USP) e Antonio Carlos Zem (FMC)

Aproveitamos também para divulgar a publicação: 



Criação de Anagasta kuehniella, em pequena escala, para produção de Trichogramma cujos autores são José Roberto Postali Parra, Aloísio Coelho Jr., Leandro Delalibera Geremias, Aline Bertin e Cristina Jensen Ramos.


terça-feira

FLORESTAS PLANTADAS, AS SAÚVAS E O CONTROLE BIOLÓGICO



1. Introdução

          É difícil determinar, com segurança, a data da introdução do eucalipto no Brasil, mas, segundo ANDRADE (1961), o eucalipto foi introduzido em nosso país por volta de 1824 a 1829, quando dois exemplares de Eucalyptus gigantea foram plantados pelo Frei Leandro do Sacramento no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
       No princípio o eucalipto foi plantado no Brasil como árvore decorativa pelo seu extraordinário desenvolvimento, como quebra-vento ou pelas suas supostas propriedades sanitárias; sendo assim, poucas eram suas plantações para fins industriais. A sistematização dessa cultura e os estudos experimentais iniciados no final do ano de 1903 e início de 1904, em Jundiaí-SP, deve-se à Companhia Paulista de Estradas de Ferro (ANDRADE, 1961). 
          A partir do interesse dessa companhia é que a introdução econômica dos eucaliptos se concretizou em nosso país, pois a mesma necessitava da madeira, principalmente para suas locomotivas e também para postes telegráficos, dormentes e outras aplicações (SILVA, 1994).  
        Entretanto este ano o Brasil comemora 109 anos de introdução de florestas plantadas, cujos primeiros experimentais tiveram início em 1904 com eucalipto, seguido por experiências com pinus em 1922. Hoje, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (INFORMATIVO CEPEA, 2005) o Brasil possui cerca de 5,5 milhões de hectares de florestas plantadas, o gênero Eucalyptus representa 64% deste total, atendendo apenas um terço da demanda anual de madeira, hoje estimada em aproximadamente 300 milhões de metros cúbicos por ano.
          Dentre os insetos-praga da silvicultura brasileira, as formigas cortadeiras destacam-se como os principais agentes de danos devido aos prejuízos que causam. Segundo TROPPMAIR (1973), somente no Estado de São Paulo, existem 100 milhões de sauveiros ativos, responsáveis pelo corte anual de 180 milhões de toneladas de matéria vegetal e pela movimentação de 200 milhões de metros cúbicos de terra. 
          Formigas do gênero Atta, conhecidas popularmente como “saúvas”, são responsáveis por enormes perdas no setor florestal devido a sua alta capacidade de proliferação, voracidade e por não possuírem hábito definido quanto ao horário de forrageamento, especialmente nas fases de pré-corte (áreas de reforma ou condução da floresta) e imediatamente após o plantio ou no início da condução de brotação.
         Esta revisão de literatura aborda a importância das culturas florestais e a associação com o histórico de ocorrência das saúvas no Brasil, sua importância, danos, e o seu controle biológico.


2. Histórico da cultura do eucalipto

         De acordo com ANDRADE (1961) o eucalipto é atualmente uma das espécies florestais mais plantadas no mundo. Os primeiros ensaios realizados com esta espécie florestal foram realizados na Europa e Norte da África por Ramel, recomendando o cultivo em todos os países mediterrâneos. Na África do Sul, a introdução do eucalipto foi datada em 1828; na Índia em 1843 e no Egito em 1865. Portugal foi um dos primeiros países europeus a tentar cultiva o eucalipto em escala comercial, sendo que na Espanha isto ocorreu a partir de 1874. Nas Américas, o eucalipto foi introduzido no Uruguai e 1853; nos Estados Unidos em 1856; na Argentina em 1857 e no Brasil no final de 1903. Todavia, de todos os países sul-americanos, o Chile foi o primeiro a ter conhecimento da preciosa mirtácea australiana, em 1823.    
     O Silvicultor Edmundo Navarro de Andrade iniciou, a partir de 1904, estudos comparativos de desenvolvimento de diversas espécies nativas e exóticas de valor econômico. Em suas pesquisas, os eucaliptos demonstraram resultados satisfatórios em relação às outras espécies testadas. Assim , a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, intensificou o seu cultivo.
      Lavradores do Estado de São Paulo, desejando formar recursos florestais em suas propriedades, também contribuíram para implantação desta cultura florestal. Isto favoreceu muitas indústrias, que no período da Segunda Guerra Mundial, foram abastecidas com a madeira de eucalipto, prestando um serviço inestimável à nossa economia.
        LIMA (1993) relata que desde o início do século passado, o contínuo crescimento da população e a crescente demanda de madeira para fins industriais foram os responsáveis pelo surgimento do interesse e da necessidade de utilizar espécies de eucalipto para a produção de madeira, lenha, moirões, dormentes, entre outros, não só no Brasil, mas também em muitos países. A cultura do eucalipto em nosso país apresenta condições favoráveis de desenvolvimento possibilitando aumentando da área plantada desta cultura, além de apresentar outras características, como ser tolerante à seca e a solos pobres, apresentar crescimento rápido, atingindo idade de corte entre cinco e sete anos, dependendo da finalidade do plantio e da região. Desse modo, além de São Paulo, outros estados como Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e Rio Grande do Sul também possuem plantações significativas de eucalipto. 

3. Histórico das Saúvas

        São insetos que ocorrem somente no Continente Americano, sendo que sua área de dispersão vai desde sul dos Estados Unidos (latitude 33o N) até o centro da Argentina (latitude 33o N). Não há saúvas no Chile, em algumas ilhas das Antilhas e no Canadá, sendo que no Brasil não foi registrada a presença de saúvas apenas em Fernando de Noronha (MARICONI, 1979).
         De acordo com WILCKEN & BERTI FILHO (1994) as formigas cortadeiras são conhecidas desde a época do descobrimento do Brasil, os métodos tradicionais adotados no controle destes insetos já têm mais de um século.
          No Brasil, o primeiro a escrever sobre as saúvas foi o Padre José de Anchieta, em 1560. Gabriel Soares de Sousa, em 1587, descreve as saúvas, seus danos e costumes e o primeiro método de combate: um sulco raso, no solo, em volta da árvore, cheio de água.
Entretanto, o autor completa o assunto dizendo que, às vezes, uma folha caída de atravessado no sulco servia de ponte para as formigas.
         O naturalista Francês Augustin César Prouvençal de Saint-Hilaire percorreu o interior do Brasil, de 1816 a 1822, e costuma-se dizer que proferiu a seguinte frase “Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”. 
         Cincinnato R. Gonçalves percorreu quase todo o Brasil coletando material, identificando as espécies, anotando seus hábitos, estrutura dos ninhos etc., deixando um valiosíssimo cabedal de conhecimentos. 
    Elpídio Amante estudou os “sauvicidas” antigos e modernos, principalmente as formulações granuladas (iscas).
        Mário Autuori dedicou-se principalmente ao estudo da biologia e estrutura dos ninhos das espécies encontradas em São Paulo. Em 1956 executou um dos maiores experimentos de grande porte em reflorestamento de eucaliptos, utilizando 80 talhões. Constatou que mesmo após meticulosos controles ainda sobreviviam algumas colônias de saúvas, o que passou a denominar de infestação residual.

4. Posição sistemática

     As saúvas pertencem à classe Insecta, ordem Hymenoptera, família Formicidae, subfamília Myrmicinae, tribo Attini, gênero das saúvas é Atta

5. Aspectos biológicos e importância ecológica

         A saúva é um inseto holometábolo, i.e. apresenta metamorfose completa, com as fases de ovo, larva, pupa e adulto. Os adultos são agrupados em diferentes tamanhos, constituindo diferentes castas que desempenham funções específicas na colônia, como cuidar do fungo, forragear ou garantir a segurança da colônia.
         De acordo com BERTONI & NETO (1990), as saúvas atuam como um agente que revolve o solo, sendo responsáveis pela movimentação de materiais de horizontes subsuperficiais para a superfície do solo. 
     Seus ninhos são constituídos por galerias, que penetram ao longo do perfil, desempenhando um importante papel na aeração e drenagem (MILTON & MARIÂNGELA, 1997) do solo. 

6. Descrição das principais espécies de saúvas no Brasil

         Segundo MARICONI (1979) existem em nosso país 11 espécies de saúvas (1 delas com 3 subespécies). Todas elas cortam plantas, cultivam fungo e deste se alimentam, mas também necessitam da seiva das plantas. Quase todas as espécies são nocivas às espécies florestais, ocasionando, com freqüência, danos significativos a estas culturas.
        Podemos dividi-las em espécies daninhas e espécies não-daninhas às florestas plantadas.
Entre as saúvas que não causam danos às florestas plantadas estão: “saúva mata-pasto” Atta bisphaerica (Forel, 1908), “saúva-parda” A. capiguara (Gonçalves, 1944) e A.goiana (Gonçalves, 1942).

Outras 8 espécies atacam, portanto, as espécies florestais:

1. “Saúva-da-mata” A. cephalotes (L., 1758): Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pará, Pernambuco, Rondônia e Roraima. Sua área de dispersão talvez cheque até o Acre e norte de Mato Grosso. Por ser saúva de regiões úmidas, em Pernambuco limita-se ao Recife e arredores e na Bahia, somente ao sul (portanto, áreas úmidas).
2. “Saúva-de-vidro” ou “saúva-cabeça-de-vidro” A. laevigata (Fred. Smith, 1858): Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e São Paulo. Talvez ocorra também no Piauí e Sergipe. Espécie muito nociva às espécies florestais, em geral.
3. “Saúva-do-sertão-do-Nordeste” A. opaciceps (Borgmeier, 1939): Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Parece que ocorre também em Alagoas.
4. “Saúva-preta” A. robusta (Borgmeier, 1939): somente no Rio de Janeiro. 
5. “Saúva-limão-sulina” A. sexdens piriventris (Santschi, 1919): Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. Muito nociva. 
6. “Saúva-limão” A. sexdens rubropilosa (Forel, 1908): Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Causa danos imensos às espécies florestais.
7. “Formiga-da-mandioca” A. sexdens sexdens (L., 1758): Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Sergipe.
8. “Saúva” A. vollenweideri (Forel, 1839): Mato Grosso do Sul (somente em Porto Murtinho) e Rio Grande do Sul (pequena área).

7. Castas das saúvas

      As formigas são consideradas insetos verdadeiramente sociais apresentando castas reprodutivas, superposição de gerações e divisão de trabalho. A população de um sauveiro é composta de indivíduos que se diferenciam morfologicamente (polimorfismo), de acordo com o trabalho ou as funções que desempenham na colônia (polietismo).

8. Formigas cortadeiras versus florestas plantadas 

         Pesquisas vêm demosntrando que formigas dos gêneros Atta  (saúva), pertencentes à tribo Attini, representam uma das pragas mais sérias do Brasil, sendo responsáveis por grandes prejuízos ao setor florestal. Segundo ZANETTI et al. (2002a), o ataque realizado por estas formigas é de maneira intensa e constante, podendo ocorrer danos em qualquer fase do desenvolvimento da planta, ocasionados por cortes de folhas, brotos, ramos finos e flores, os quais são carregados para o interior de ninhos subterrâneos, o que dificulta o seu controle.
Estudando os prejuízos causados por formigas cortadeiras em plantios de Pinus sp. e Eucalyptus spp., AMANTE (1967) relatou que 5% dos plantios de Eucalyptus spp. com seis anos de idade, e 10% dos Pinus sp. com oito anos de idade, podiam ser mortos por um único sauveiro adulto a cada ano. Isso representaria um prejuízo de 2,1%  na produção ou 470.000 m3 de madeira perdida a cada ano, considerando uma área plantada de 150.000 há de eucalipto.
     Quando árvores foram desfolhadas totalmente por formigas, houve redução no incremento anual de Eucalyptus grandisi Hill ex Maiden em torno de 78,95% (FREITAS, 1998). Esta mesma porcentagem. Esta mesma porcentagem de desfolha foi responsável por uma redução de 45,5% na produção individual de madeira de E. grandis, conforme relatam FREITAS & BERTI FILHO (1994). No entanto, para Oliveira (1996) a total desfolha de plantas de E. grandis de seis meses de idade resultaram numa redução de 13% na produção do povoamento aos sete ano.
         Densidades maiores que 30 formigueiros/há de Atta laevigata (F. Smith) em plantios de Pinus caribaea Morelet com menos de 10 anos de idade podem reduziar em mais de 50% da produção de madeira/há (HERNÁNDEZ & JAFFÉ, 1995). ZANETTI (1998) concluiu que densidades maiores que 80 sauveiros com área igual a 2,76 m2 de terra solta por hectare podem reduzir em mais de 50% da produção de madeira de Eucalyptus spp. na idade de corte (84 meses).
         Assim, o combate de formigas cortadeiras é fundamental em reflorestamentos, uma vez que as mesmas constituem fator limitante ao seu desenvolvimento, causando tanto perdas diretas, como a morte de mudas e a redução do crescimento de árvores, quanto indiretas, como a diminuição da resistência das árvores a outros insetos e agentes patogênicos (ANJOS et al., 1993).
        Essa praga demanda maior atenção, requerendo custos altíssimos para seu controle. Segundo CLARK (1972), o investimento no controle de formigas cortadeiras pode atingir 30% do custo da floresta, ao final do terceiro ciclo. Segundo SALDANHA (1994) o custo de monitoramento e controle é de formigas cortadeiras é de US$ 7,0 - 8,9/ha. A quantidade de vegetação cortada apenas por formigas do gênero Atta em florestas tropicais, varia de 12 a 17 % da produção deste ecossistema (DELLA LUCIA & FOWLER, 1993).
        Porém, o combate as formigas cortadeiras representa 75% dos custos de produção e do tempo gasto no controle de outras pragas (VILELA, 1986). ALÍPIO (1989) calculou que formigas representam 30% dos gastos com a florsta até o terceiro ciclo, o que segundo REZENDE et al. (1983) correspondem a 7,41% do preço da madeira em pé.
      Dessa forma, pesquisadores v6em estudando diferentes estratégias de manejo para minimiar os custos e aumentar a eficiência do combate às formigas cortadeiras. Dentre essas estratégias, alguns autores, ao observarem a preferência alimentar dessas pragas a determinadas plantas, começaram a estudar os mecanismos de preferência ou rejeiçào de plantas por formigas cortadeiras.
         Comparando sete espécie de Eucalyptus, VENDRAMIM et al. (1995) constataram que folhas de Eucalyptus citriodora Hook foram menos preferidas no carregamento por operárias de A. sexdens rubropilosa em condições de laboratório. 
      Outras estratégias também foram estudadas com o objetivo de reduzir os danos provocados pelas formigas cortadeiras como, por exemplo, o consórcio de culturas, utilizando plantas como o gergelim, capim braquiarào, mamona, batata-doce (HEBLING et al., 1993), dentre outras. Essas plantas, quando introduzidas junto com a cultura principal, podem servir como alimento alternativo ou mesmo como cultura armadilha, capaz de produzir efeito tóxico ou repelente para a praga (DELLA LUCIA & VILELA, 1993).
       Existem vários inimigos naturais das formigas cortadeiras, dentre eles alguns mamíferos, como o tamanduá e o tatu, que são predadores, mas, raramente matam as colônias que atacam (MARICONI, 1970). Durante a revoada, os pássaros, sapos, rãs, lagartos, lagartixas e aves domésticas são os melhores predadores de icás e bitus, contribuindo para a redução da formação de novos formigueiros (DELLA LUCIA et al., 1993a). Um outro inimigo natural é o coleóptero, Canthon virens (Mannerheim) 1829, que captura e decapita as rainhas de Atta spp. para ovopositar em seu gaster (DELLA LUCIA & VILELA, 1993; RINALDI et al., 1993).
         Outros agentes de controle biológico são os parasitóides da família Phoridae. As fêmeas destes dípteros ovipositam na cabeça ou tórax dos soldados e operárias adultos das formigas, que morrem após serem devoradas pelas larvas do parasitóide. É relativamente comum observar a presença dessas moscas nas proximidades de ninhos de saúvas. No entanto, são recentes os trabalhos de levantamento e identificação das espécies envolvidas, bem como sobre os efeitos reais sobre as populações de formigas para as condições de Brasil (DELLA LUCIA ewt al., BOARETTO & FORTI, 1997).
       BOARETTO & FORTI (1997) relatam que existem alguns trabalhos demonstrando o parasitismo de formigas cortadeiras por nematóides, em especial sobre o parasitismo de nematóides do gênero Neoplactana (Steinernema) em Solenopsis invicta Buren, mas sem resultados animadores em condições de campo. No Brasil, PASSOS JÜNIOR et. al. (1995) obtiveram resultados positivos de patogenicidade de Steinernema carpocapsae (Weiser, 1995), na formulação Exhibit, em diferentes castas de saúva-limão, em bioensaios com doses de 100 e 1000 larvas infectivas de 3o instar/cm2. Os autores costataram que as formigas fazem o descarte de fungo (alimento) e de formigas doentes na tentativa de isolar os nematóides no lixo, embora tenha ocorrido mortalidade de indivíduos das castas e redução no volume do jardim de fungo.
         Em se tratando de controle químico, a utilizacão de iscas granuladas, de pós-secos e da termonebulização constituem os métodos de controle químico mais usados para o controle de formigas cortadeiras atualmente (ZANETTI et al., 2002a).
       O emprego das iscas granuladas constitui o método mais prático e econômico de controle, costituindo numa mistura do ingrediente ativo com um atraente ( bagaço de laranja, farelo de milho, folha de eucalipto, farinha de mandioca, farelo de soja, farinha de trigo, bagaço ou melaço de cana) para as formigas, que é carregado para o interior dos ninhos (BOARETTO & FORTI, 1997; ZANETTI et al., 2002a). 
      A utilização de pós-secos consiste na aplicação de um inseticida na formulação pó, diretamente no formigueiro, usando uma polvilhadeira. É um processo que demanda tempo de aplicação, dependendo do tamanho dos formigueiros, sendo, então recomendados para formigueiros pequenos (até 5 m2) (ZANETTI et al., 2002a).
     A termonebulização é um dos métodos mais eficientes no controle de formigas cortadeiras, porém mais caro que iscas formicidads, devido ao alto custo de manutenção do equipamento.        Consiste na mistura do ingrediente ativo com um veículo (querosene ou óleo diesel), que são “queimados”no aparelho e a fumaça resultante transporta o produto para o interior do formigueiro. Além disso, esse método elimina o formiguiro rapidamente e não apresenta restrições quanto às condiçòes ambientais durante a aplicação, como acontece com as iscas e pós, principalmente em épocas chuvosas (COUTO et al., 1977).
         Os princípios ativos dos pós-secos e da termonebulização estão sendo pesquisados com o intuito de buscar produtos mais eficientes e menos tóxicos. Além disso, equipamentos de aplicação também estão sendo investigados na tentativa de reduzir os custos de sua utilização e manutenção. No caso da termonebulização, os equipamentos constituem a principal limitação do método; portanto, novos equipamentos devem ser aprimorados e lançados no mercado com o objetivo de minimizar tal limitação e competir com as iscas. Em relação aos pós-secos, sua principal desvantagem tem sido o veículo (inerte), que possui granulação grosseira, de baixo poder de penetraçào no formigueiro,o que reduz a eficiência. (ZANETTI et al., 2002a).


9. Controle biológico

Controle biológico certamente é uma área promissora de pesquisa, mas atualmente está clara a necessidade de conhecimentos biológicos básicos para que estratégias de controle para formigas cortadeiras possam ser de fato aplicadas.
A resistência do ambiente é responsável pela mortalidade de 99,95% das rainhas de formigas cortadeiras, antes mesmo que tenham fundado seus ninhos. O controle biológico natural, através de predadores, parasitoides e microrganismos patogênicos, sem dúvida é importante fator de regulação das populações destes insetos. As aves silvestres e domésticas, principalmente as espécies insetívoras e onívoras, são importantes elementos dentre os inimigos naturais. A supressão do sub-bosque é uma prática que afeta negativamente as populações de aves e outros organismos benéficos, enquanto que a presença de áreas de reserva de vegetação natural favorece a concentração das populações de aves, as quais se dispersam para os talhões vizinhos (Almeida et al., 1983).
Dentre os artrópodos, destacam-se como predadores de formigas cortadeiras as aranhas, ácaros, várias espécies de formigas predadoras e coleópteros. Destes, merecem atenção as espécies Canthon virens e Canthon dives, por se tratarem de predadores específicos de rainhas de saúvas. A espécie C. virens ataca as rainhas logo após a revoada, antes de terem iniciado o canal de penetração. Logo após a captura das rainhas, enterram-se no solo deixando formações características na superfície, indicadoras da sua presença. As rainhas são utilizadas para alimentação própria ou para o preparo de "peras de criação". O potencial reprodutivo da fêmea é relativamente baixo, com postura de no máximo 3 ovos, sendo a duração máxima do período larval de 26 dias e o pupal de 23 dias, ocorrendo emergência dos adultos entre o 34 e 53 dia (Rinaldi et al., 1993). Associado ao baixo número de descendentes por fêmea Forti et al.(1992) constataram, em condições de campo, que, na maioria das vezes, o número de rainhas predadas aumenta não-linearmente com a densidade do predador, devendo existir fatores isolados ou combinados que atuem como limitantes do número de presas exploradas. É provável, que as razões mencionadas, dentre outras, tenham levado ao inssucesso de programas de criação massal de C. virens no Paraguai, iniciada em 1950, visando o controle biológico clássico de saúvas.
Alguns autores consideram a formiga lava-pés (Solenopsis spp.) predadoras de operárias, ovos, larvas e pupas de formigas cortadeiras, chegando a levantar a hipótese de que a abundância das formigas cortadeiras poderia ser afetada pela competição com Solenopsis. No entanto, Tonhasca Júnior (1994), observando a interação entre comportamentos forrageiros de Atta laevigata e Solenopsis, em condições de cerrado, no município de Lavras, MG, constatou que na disputa por um recurso comum, as lava-pés conseguiram no máximo retardar o acesso da saúva ao substrato, não afetando significativamente a sua habilidade forrageira.
Quanto aos parasitóides, é relativamente comum observar-se a presença de mosca Phoridae nas proximidades de ninhos de saúvas e de quenquéns. No entanto, raros são trabalhos de levantamento e identificação das espécies envolvidas, bem como sobre os efeitos reais sobre as populações de formigas, para as condições de Brasil. No México, as espécies Megacelia scalaris Puliciphora sp foram identificadas em rainhas de Atta mexicana parasitadas (Quiroz, 1996).
A literatura informa relatos de parasitismo de formigas cortadeiras por nematóides, em especial sobre o parasitismo de Neoplectana (Steinernema) dultkyi emSolenopsis invicta, mas sem resultados animadores em nível de campo. No Brasil, Passos et al. (1995) obtiveram resultados positivos de patogenicidade de Steinernemacarpocapsae, na formulação Exhibit, em diferentes castas de saúva limão, em bioensaios com dosagens de 100 e 1000 larvas infectivas (L3)/cm2. Os autores constataram que as formigas fazem o descarte de fungo (alimento) e de formigas doentes, na tentativa de isolar os nematóides no lixo, embora tenha ocorrido mortalidade de indivíduos das castas e redução no volume do jardim de fungo.Segundo Kermarrec et al. (1986), existem poucas possibilidades do nematóide citado penetrar em Acromyrmex octospinosus , e provavelmente também em outras espécies de cortadeiras, devido à cutícula, importante barreira protetiva, e pequenas dimensões dos orifícios, como "boca", orifício da glândula labial, o ânus e os espiráculos, pontos potenciais de entrada nas larvas. Nas formigas adultas, certos aspectos morfológicos, como filtro infra-bucal e pilosidade no ânus, são aspectos morfológicos que fornecem proteção contra invasão.
Certos fungos apresentam potencial para utilização no controle biológico de formigas cortadeiras. Segundo Quiroz (1996), os fatores de mortalidade mais importantes para rainhas de Atta mexicana são os fungos entomopatogênicos. Em levantamentos realizados pelo autor, no México, foram identicadas as espéciesAspergillus parasiticus, Paecilomyces farinosus, Beauveria bassiana, Metarhizium anisopliae var. anisopliae e Metarhizium sp, destacando-se nos ensaios de patogenicidade Bauveria bassiana P. farinosus, como os mais promissores para controle biológico de A. mexicana. No Brasil, a maioria dos estudos tem sido realizada com B. bassiana e M. anisopliae, entretanto os resultados ainda não são conclusivos. Alves & Sosa-Gomez (1983) relatam a ocorrência destes fungos em rainhas de Atta sexdens rubropilosa, provocando a mortalidade em operárias, em condições de laboratório. Em floresta de Eucalyptus grandis, resultados promissores foram obtidos com a utilização de B. bassiana, em iscas, para controle de Acromyrmex spp (Diehl-Fleig et al., 1992). No entanto, o controle biológico microbiano de formigas cortadeiras tem sido questionado devido ao fato destes insetos sociais reconhecerem agentes patogênicos e emitirem reações comportamentais de defesa (Kermarrec et al., 1986). Acredita-se que substâncias vegetais altamente atrativas, se adicionadas às iscas, poderiam mascarar a presença de entomopatógenos. Com base nesta hipótese, Spechtet al. (1993) desenvolveram iscas de B. bassiana, formuladas com extratos de Havenia dulcis Aleurites fordii, e testaram a atratividade das mesmas para colônias deAcromyrmex crassipinusA. heyeri e A. striatus. As iscas mostraram-se extremamente atrativas, sendo carregadas por A. striatus e A. crassipinus, embora não o tenham sido por A. heyeri. Segundo os autores, as diferenças quanto ao carregamento das iscas formuladas com diferentes atrativos e concentrações sugerem que, para serem usadas no controle dessas formigas, deve-se ter conhecimentos básicos sobre as preferências de cada espécie, levando-se em conta a variabilidade de comportamento e necessidades de cada colônia. Silva & Diehl-Fleig (1995) compararam duas formas de aplicação (direta e iscas) de três linhagens de B. bassiana (BSA, LV e AC) e uma de M. anisopliae (ESA) no controle de Acromyrmex sp. Na aplicação direta, arroz contendo conídios dos fungos, foi inoculado no interior dos ninhos, enquanto que na aplicação sob forma de iscas, foram distribuídos cinco MIPIs, contendo 10 g de iscas, em duas aplicações num intervalo de 15 dias. Os resultados indicaram taxas de mortalidade de 50%, 60% e 70%, para a aplicação direta com as linhagens AC e LV, BSA e ESA, respectivamente. As taxas de mortalidade foram inferiores quando da utilização de iscas, exceto para BSA que nas duas formas de aplicação apresentou 60% de mortalidade. Apesar de alguns resultados promissores em relação ao controle microbiano de formigas cortadeiras, em vários casos constata-se eficiente patogenicidade em laboratório, a qual não se repete em condições de campo, com resultados de eficiência de controle muito variáveis. Os patógenos não são específicos aos alvos estudados, havendo necessidade de levantamentos de outras prováveis espécies patogênicas nas populações naturais de formigas cortadeiras.
A dificuldade na obtenção de dados mais consistentes em condições de campo, pode estar relacionada às estratégias de defesa das formigas, juntamente com seu fungo mutualista, contra parasitos e patógenos, de caráter morfológicas, mecânicas ou bioquímicas. Segundo Kermarrec et al. (1996), a extraordinária resistência dos fungos mutualistas das formigas cortadeiras à doenças epizoóticas e epifíticas é devido a muitos fatores ligados à higiene interna do ninho. Para ilustrar, iscas contendo esporos de fungos não são carregadas por A. octospinosus, e culturas esporulando em meio agar são imediatamente cortadas e levadas para fora do ninho. Ainda, meio agar processado por operárias não permite a germinação dos esporos, indicando assim que as formigas distinguem materiais inadequados, de modo mais marcante quando da proximidade do patógeno ao fungo simbionte.


9.1. Inimigos naturais das saúvas

Numerosos animais atacam e destroem as formigas, especialmente as içás. Alguns não oferecem interesse, mas outros, sim.

1. Pequenas moscas da família Phoridae: medem geralmente 1,5 a 3,0 mm. São, portanto, muito pequenas. Podem ser vistas, com freqüência, voando em torno dos olheiros.
Alguns já nutriram a esperança de que os forídeos pudessem reduzir a importância das
saúvas. Infelizmente, ao que parece, os forídeos têm somente importância científica: o parasitismo é insignificante e, aparentemente, somente as operárias são atacadas.

2. Formigas diversas (lava-pés, bandeirante, correição e cuiabana). Às vezes, atacam
os pequenos sauveiros.
As lava-pés (Solenopsis spp) podem invadir formigueiros pequenos, com o objetivo
de roubar o material (ovos, larvas e pupas), causando a morte deles.
A formiga bandeirante (Nomanyrmex esenbecki (Westw., 1842)), também ataca
pequenas colônias de saúvas.
A formiga cuiabana ou formiga paraguaia (Paratrechina fulva (Mayr, 1862)) ataca a
saúva, segundo o povo, de maneira tão eficiente que acaba com ela. O que há de verídico nisso?
Serão, realmente, importantes as formigas lava-pés, a correição bandeirante, a outra
correição e a cuiabana? Poderão elas, ajudar bastante no combate às saúvas?
Pouco se sabe sobre elas; entretanto, o pouco que se conhece indica que elas são
mais nocivas que úteis. Muito raramente podem essas formigas atacar pequenos sauveiros.
As lava-pés e a cuiabana podem ocasionar malefícios às plantações, pois oferecem proteção
às cochonilhas e pulgões que atacam essas plantações.

3. Besouros: os coleópteros do gênero Canthon, família Scarabaeidae, são, em
alguns anos, bons destruidores das içás.
Em alguns anos não são muito freqüentes (pelo menos em Piracicaba e São Pedro) e, noutros, aparecem em grande número. Voam devagar, próximos do solo; a princípio, o vôo é reto, até que voltam-se para a direita ou para a esquerda, fazendo ângulo de cerca de 90º . Agarram as içás no solo e decaptam-nas, sendo que os corpos são utilizados como alimentos das larvas dos besouros (são enterrados com os ovos do predador).
O besouro Taeniolobus sulcipes (Chaud, 1855) família Carabidae, nunca foi por nós
observado; entretanto, foi encontrado atacando içás em formigueiros iniciais em São Paulo.
Aparentemente, sua importância é mínima.

4. Percevejo Vescia angrensis Seabra & Hath., 1943. Hemíptero da família Reduviidae ataca formigas, nos sauveiros. Sua importância parece ser insignificante.

5. Pássaros e aves domésticas: são importantíssimos inimigos das içás; nos dias de revoada, sabiás, galinhas, gaviões, bem-te-vís, pardais, siriris, perus etc. podem devorar enorme quantidade de içás.
Almeida & Alves (1982) constataram, num talhão de eucaliptos com sub-bosque denso, a presença de 104 aves e apenas 9 formigueiros de Atta sp. Em outro talhão com sub-bosque escasso coletaram apenas 49 aves e registraram 169 formigueiros de Atta sp.
As aves podem atacar as içás ainda em vôo ou já no solo (à procura de local para escavar ou realizando o serviço de perfuração do solo).
Nos dias de revoada, as aves domésticas e a passarinhada ficam inquietas, correndo sobre o solo ou realizando em geral, muitas espécies ornamentais, trigo, arroz, etc., são preciosíssimos auxiliares do homem, por ocasião das revoadas.
Os pardais pegam as içás que estão fazendo os sauveirinhos iniciais ou estão à procura de local para iniciar a escavação. Esses pássaros são muito destemidos, uma pessoa pode estar comtemplando uma içá, que perfura o canal de seu futuro abrigo, a cerca de 3 m e um pardal chega em vôo e, sem pousar no solo, pega a içá e a leva, para logo deixar cair uma parte (cabeça e tórax), ao passo que o abdome (às vezes, pequena parte do tórax também) é engolido.

6. Mamíferos (tamanduás e tatus). O tamanduá é tido, por alguns, como papaformigas eficiente; entretanto, mesmo nos locais onde seja relativamente comum, seu valor parece ser pequeno. Ele introduz a longa língua visguenta nos canais e a recolhe cheia de formigas; nos carreiros, ele “caça” as formigas também com a língua.
Os tatus são, ao que se acredita, de certo valor; há regiões onde são muito comuns. Perfuram o solo e vão em busca das panelas à procura de alimento. Temos observado que os tatus não são tão eficientes como quase todos acreditam: em muitos dos nossos trabalhos de combate, os tatus passaram a escavar os sauveiros somente depois destes estarem mortos ou, embora vivos, muito enfraquecidos pela ação do sauvicida. Sauveiros vivos, fortes, são evitados pelos tatus nas regiões em que temos feito as observações. Não podemos, entretanto, confirmar ou negar o seu valor no combate a sauveiros pequenos.

7. Aranhas, escorpiões, lagartixas, lagartos, rãs e sapos. Todos esses animais capturam as fomigas, incluindo as içás (estas, no dia da revoada). Seu valor parece ser insignificante, pois as áreas agrícolas, pastagens em geral, não são favoráveis à vida desses animais. O escorpião Bothriurus sp., em São Pedro, ataca as içás, após o cair do sol; esse aracnídeo pode aparecer em grande número. Apesar de pequeno, o Bothriurus segura firme a iça, embora esta seja mais volumosa e tenha a aparência enganosa de ser mais forte.


10. Considerações finais

       Apesar do progresso do combate químico, as grandes propriedades agrícolas devem ter certas áreas favoráveis ao abrigo e multiplicação das aves e de outros animais. Um fator importante no aumento da quantidade das saúvas foram o desmatamento e a perseguição às aves. Deve-se dar ênfase para tais áreas e que a caça seja proibida. Os besouros do gênero Canthon oferecem interesse. Deve-se procurar, futuramente, métodos e técnicas especiais de criação que viablizem a sua criacão em laboratório, com o propósito de soltá-los no campo.

        É uma prática corrente há muitos anos, buscando-se métodos que apresentem eficiência, baixo custo e segurança. O sucesso no controle de formigas cortadeiras depende do conhecimento básico do comportamento,  biologia e taxonomia das mesmas, e também, da escolha do método mais eficiente, eficaz e adequado a cada situação. 
         As formigas cortadeiras de folhas podem ser controladas através de métodos mecânicos, culturais, biológicos e químicos. 
     O controle químico é o método mais utilizado na tentativa de controlar as formigas cortadeiras, sendo o produto químico aplicado diretamente nos ninhos, nas formulações pó, líquida ou líquidos nebulizáveis, ou apresentado na forma de iscas granuladas, aplicadas nas proximidades das colônias (Tabela 1.).

(Clique para ampliar)

As iscas tóxicas granuladas (pellets) representam o principal produto utilizado pelas empresas florestais, apresenta como princípios ativos  a sulfuramida e fipronil e, como atrativo principal, polpa de laranja desidratada.
Das iscas encontradas no comércio destaca-se aquela à base de sulfuramida (Mirex S-Max) muito eficiente e praticamente atóxica para mamíferos nas quantidades recomendadas. A isca à base de fipronil (Blitz), de acordo com o mesmo autor, é também segura para mamíferos e eficiente contra as formigas cortadeiras.  A aplicação das iscas é simples e apresenta vantagens sobre as demais metodologias de controle como: termonebulização (clorpirifós, permetrina, deltametrina) e pós secos (deltametrina), pois sua aplicação oferece, maior segurança ao operador, dispensa mão-de-obra, equipamentos especializados e possibilita o tratamento de formigueiros de difícil acesso, resultando em menor custo total de controle, logo uma excelente relação custo-benefício (PRATES, 2005). 

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