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domingo

Censo Arbóreo preserva e renova

Rodrigo Rainho Colaboração para o BOM DIA

Casos de incidentes com árvores que desabam sobre fios,  carros e pessoas são comuns em Sorocaba, principalmente em dias de tempestade. São árvores que estão doentes ou mesmo mortas. Para evitar tragédias e prejuízos, Sorocaba fará um censo inédito que analisará a saúde das árvores presentes no perímetro urbano de Sorocaba.
“Melhor tirar do que cair na cabeça da gente”, opina o aposentado Raimundo de Souza, 68. Já o torneiro mecânico Paulo José Borges, 36, pensa diferente: “Não podemos derrubar árvore alguma. O certo é deixar cair.”
No meio da batalha entre ambientalismo e segurança entra a prefeitura, que fará o censo arbóreo da cidade em parceria com a Ufscar (Universidade Federal de São Carlos). “Decidimos conhecer melhor a realidade da vegetação”, justifica Jussara de Lima Carvalho, secretária de Meio Ambiente. “Vamos mapear as árvores e depois tratar ou podar, para eliminar os riscos.”
Gente saudosista, que já brincou em pé de mangueiras e figueiras, vê a ação da prefeitura com ressalvas. A administradora Teresa Machado, 52, é defensora ferrenha da proteção total. “Devem derrubar apenas em casos extremos”, afirma. “Cortaram uma maravilhosa na Praça Fernando Prestes. Quando ouvi a motosserra, senti toda a sua dor.”
Valéria Gomes, 31, publicitária, passa todos os dias pela Copaíba de 87 anos da Praça Márcia Mendes, no Central Parque. Revoltada com a situação do meio ambiente no país, ela defende mais investimento em preservação. “Odeio demagogia. Até agora, não vi ações concretas para preservar e recuperar a vegetação”, diz.
Há aqueles que estão adorando a ideia do censo. “Na Vila São Caetano, onde moro, as árvores caíram e derrubaram os fios. Foi o maior transtorno. A medida é ótima”, diz a psicóloga Francine Tagliaferri, 36. “Sou a favor de derrubar. Não quero que caia uma árvore sobre meu carro”, afirma o técnico Natan Henrique, 20, morador da Vila Haro.
Prefeitura dará sentença
Relatório apontará estado da árvore, mas governo é quem determina corte
José Mauro Santana, professor de engenharia florestal da Ufscar, vai comandar uma equipe de seis professores e 26 alunos que percorrerão Sorocaba com réguas, GPS e planilha de levantamento de campo.
Ele explica que o objetivo do censo é facilitar o planejamento da urbanização, arborização e manutenção da vegetação, além de substituir as árvores em situação de risco.
O estudo analisará as condições gerais das árvores, como diâmetro, altura, sanidade, condições do local,  danos à calçada, posição das árvores e proximidade de fiações.
“Usaremos a base cartográfica do município e dividiremos as áreas de atuação. Faremos um relatório técnico que vai diagnosticar a área verde por habitante”, explica.
O critério para definir quais árvores oferecem riscos será técnico. “ Há aquelas um pouco danificadas, com uma doença qualquer, que podemos fazer uma dreno-cirurgia. Outras correm risco eminente de queda. Avaliamos e depois a prefeitura decide se corta.”
O engenheiro afirma que aos moradores cabe apenas o papel de solicitar o corte de uma árvore, mas a palavra final em relação ao corte é da prefeitura. “É por isso que um munícipe jamais deve plantar uma árvore sem consultar um técnico. Depois que a espécie inadequada cresce, só o poder público poderá  autorizar a retirada. O plantio pode virar uma tremenda dor de cabeça.”
Censo Arbóreo
 Estima-se que 140 mil árvores serão analisadas. Além de apontar a vegetação condenada, o censo orientará quais espécies deverão ser plantadas nos locais das árvores retiradas.
5.400 ruas de Sorocaba serão percorridas pela equipe de professores e alunos da UFSCar
Objetivo da ação vai além de evitar acidentesTodas as áreas de Sorocaba serão visitadas. Objetivo é facilitar um futuro planejamento da expansão da urbanização, arborização e da substituição de árvores com risco de queda.
Ventania derruba figueira centenária da Praça do Canhão
No começo de junho, após chuva e vento forte em Sorocaba, uma figueira centenária desabou na Praça do Canhão. Por sorte, ninguém se machucou. Segundo a Secretaria do Meio Ambiente, a árvore era uma das maiores e mais antigas da Praça Arthur Fajardo (Largo do Canhão), no Centro. Os danos foram apenas ambientais.  No momento do tombo não havia pedestres no local. A calçada não foi danificada.
“Técnicos da Secretaria de Obras e Infraestrutura Urbana  fizeram uma vistoria na praça e realizaram a retirada do que sobrou da figueira. Aparentemente, a árvore caiu devido à ação do vento e da chuva, uma vez que a sua estrutura não apresentava risco de queda. Os  galhos foram podados há um ano”, informa a prefeitura. Na chuva ou ventania, os especialistas recomendam que as pessoas não utilizem as árvores como abrigo.
Vereador foi vítima de queda em abril de 2009 
O vereador José Crespo (DEM) foi uma das vítimas das quedas de árvores na cidade. Em abril de 2009, ele foi surpreendido por uma árvore de 12 metros de altura que caiu nas proximidades da ponte do Pinga-Pinga.
A árvore afundou o teto do carro em que estava Crespo. Projetado para trás do banco, ele teve ferimentos no nariz.
O político fez cirurgia para a implantação de pinos e enxerto de pele. “Nasci novamente. O momento mais tenso foi quando a árvore caiu sobre a minha cabeça, dentro do carro; naquele momento, não compreendi o que acontecia", diz Crespo.
“O censo é uma iniciativa boa, embora existam prioridades de gastos públicos que não estão sendo respeitadas.”