Você, assim como grande parte dos brasileiros nunca tiveram a oportunidade de conhecer ou pelo menos ver um árvore de pau-brasil. No nosso caso, por dois motivos: primeiro por ser uma espécie nativa da mata atlântica, segundo, mesmo que você viaje para a área de ocorrência natural da espécie, o processo de exploração predatório, promovido principalmente ao longo do século XVI, conduziu a uma brutal redução de seus estoques, tornando-o raro e motivando sua inserção, por parte do IBAMA, na Lista Oficial de Flora Ameaçada de Extinção.
A espécie empresta seu nome ao País. Como todos sabem o nome Brasil foi dado pelos portugueses em decorrência da elevada quantidade de árvores existentes à época do descobrimento ao longo da Mata Atlântica. A palavra Brasil deriva de brasa, em função da seiva avermelhada “cor de brasa”, que de seu lenho exsuda.
Cientificamente o pau-brasil é denominado Caesalpina echinata Lam, pertencente à família LEGUMINOSAE. É uma espécie heliófila, portanto que requer a presença do sol para se desenvolver, como o nosso açaí, por exemplo. É uma árvore portentosa, chegando a medir 30 metros de altura e até 70 centímetros de diâmetro. Sua madeira é pesada, dura, densa, extremamente resistente, o que a torna praticamente incorruptível. Outra característica importante e que no final acabou por determinar sua quase extinção, é a presença de extrato avermelhado que era utilizado como corante, nos idos Brasil Colonial. As flores são amarelas, onde uma das pétalas apresenta uma pinta vermelha bastante acentuada.
A floração ocorre nos meses de setembro e outubro. No Amapá, pode se dar um pouco mais tarde, no mês de novembro. Posteriormente se ocorre a frutificação, sendo que os frutos, na forma de vagem, como é regra entre as leguminosas, abrigam as sementes. Estas vagens quando da maturação, processam uma abertura natural, que libera as sementes ao meio ambiente.
Apesar de toda sua importância histórica, econômica e cultural, a única iniciativa no sentido de dar visibilidade à espécie é o Dia Nacional do Pau-brasil, que se comemora anualmente no dia 3 de maio.
Registre-se, entretanto, que existem esforços isolados, promovidos por ONG’s e indivíduos, buscando garantir a sua perpetuidade e a retirada na lista das espécies em via de extinção,
Após essas considerações talvez, você já esteja achando que eu e você entendemos alguma coisa de pau-brasil. Ou talvez esteja intrigado com o título da matéria.
Após essas considerações talvez, você já esteja achando que eu e você entendemos alguma coisa de pau-brasil. Ou talvez esteja intrigado com o título da matéria.
Pois é, existem alguns exemplares no Amapá e quem entende mesmo da espécie no Estado é o Dr. Luiz Alberto Dourado Nogueira, ortopedista de fina cepa e ecologista bissexto, que cultiva em seu sítio, entre ipês e outras essências florestais, alguns exemplares de pau-brasil, já em fase de frutificação, cujas fotos ilustram esse texto. Através dele fiquei sabendo que as flores exalam um suave e marcante perfume, além de emprestar um visual extremamente interessante e diferenciado ao local onde viceja.
Se você não tem o privilégio de fazer parte do rol de amigos do Luiz, resta o consolo de observar o encruado e maltratado exemplar existente há muito tempo à frente da Escola Barão do Rio Branco. Mesmo assim vale a pena.
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Alcione Cavalcante
Engenheiro florestal
Alcione Cavalcante
Engenheiro florestal
Fonte: http://www.correaneto.com.br/site/?p=20579