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sexta-feira

Falta de árvores causa ilhas de calor

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O movimento Pró-Árvore realiza, neste domingo, às 15h, o terceiro encontro do grupo no Centro de Referência Ambiental do Parque do Cocó. Durante o evento, será ministrada a palestra com o tema 'Cidadania Orgânica'
FOTO: TUNO VIEIRA
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Bairros das SERs III, IV e V são os mais atingidos, principalmente Damas e Henrique Jorge; falta de vento é outro problema
O aumento das superfícies impermeáveis e a redução da vegetação e das águas superficiais (lagoas, lagos e rios) são algumas das principais causas da formação das ilhas de calor. Em Fortaleza, esses pontos estão localizados nas Secretarias Executivas Regionais (SERs) III, IV e V, tendo maior incidência nos bairros Damas e Henrique Jorge.

Os dados preliminares do estudo "Ilhas Térmicas de Fortaleza", coordenado por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), apontam uma ocupação de espaços desastrosa, o que resulta um maior desconforto térmico em partes da Cidade.

Uma das orientadoras da pesquisa, Marta Celina Linhares Sales, explica que a falta de arborização e a especulação imobiliária contribuem para o crescimento dessas ilhas.

"Esse estudo nos mostrou a total carência de políticas públicas destinadas à preservação das áreas verdes da cidade. Podemos notar que, em áreas mais carentes, há uma ocupação desastrosa do espaço público, uma extrema massa edificada que não permite que o calor se dissipe", explicou Marta.

Com o objetivo de melhorar este cenário, o Grupo Edson Queiroz lançou "Plante uma árvore. Semeie esta ideia!".

Surpresa

A orientadora conta que o resultado da pesquisa foi surpreendente, pois os estudiosos pensavam que, pelo maior adensamento habitacional, regiões asfálticas maiores, como Aldeota, Meireles e Centro, teriam as maiores zonas de desconforto térmico. Porém, ela informa que foi identificada, nesses locais, uma diminuição dos ventos devido à verticalização das moradias.

"Essa verticalização contribui para o sombreamento da região e, assim, temos zonas de frescor. Mas, na contramão, vem a redução dos ventos, e, como consequência, o aumento da temperatura", detalhou Marta.

Para diminuir essas zonas de desconforto térmico, o engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), Pedro Neto, informou que, juntamente com a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb), os órgãos têm intensificado ações de arborização. "Foram realizados diversos plantios de árvores de sombra, como as árvores de 1,80m plantadas no Lago Nossa Senhora da Glória, no Barroso, atendendo aos próprios moradores", pontua Neto.

Com relação à especulação imobiliária, a assessoria do órgão acrescentou que, para a minimização dos impactos ambientais causados pelas obras da construção civil, os artigos 582 a 587 da Lei do Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza exige o plantio de mudas de acordo com a área edificada.

Para edificações residenciais ou de uso misto (residência e comércio), a cada 150m² de área construída, deve haver o plantio de uma árvore; para outros usos, varia de uma árvore a cada 80m² e uma árvore a cada 60m².

Se não for possível plantar todas as árvores no terreno da edificação, o construtor deve plantar o mínimo de 20% do número de árvores, e o restante tem de ser doado em dobro para o Horto Municipal.

Grupo discute preservação

Com o objetivo de discutir ações para a preservação das árvores em Fortaleza, o movimento Pró-Árvore realiza o terceiro encontro do grupo, neste domingo, às 15h, no Centro de Referência Ambiental do Parque do Cocó.

Um dos representantes do projeto, o botânico e engenheiro agrônomo Sérgio Castro relata que Fortaleza tem a cultura de cortar as árvores sem pensar nos malefícios que tal atitude causa. "Não precisa ficar podando as árvores e nem as retirando. Cada vez que se faz isso sentimos o impacto no clima", diz.

Durante o evento, o jornalista Flávio Paiva irá ministrar palestra com a temática "Cidadania Orgânica".

Um ato frequente em Fortaleza, de acordo com Sérgio, é o corte da árvore que impede a visualização de placas de trânsito. "Eles não podiam simplesmente mudar o local da sinalização?", questiona.

Cortes

O botânico explica que já existem tecnologias voltadas para evitar, em muitos casos, os corte de árvores. "Por exemplo, se existe um poste em que a fiação passa perto de uma copa de árvore, não é mais necessário fazer a poda ou a sua retirada, basta reforçar, com material adequado, o cabo próximo à planta".

O engenheiro relata que o foco dos fortalezenses é o concreto, e as árvores são sempre colocadas em segundo plano. "Deveríamos pensar em uma arquitetura bioclimática, ou seja, nos adaptarmos à natureza. Assim, conseguiríamos ter mais sombras e ventilação", enfatiza.

Sérgio Castro destaca, ainda, que alguns moradores pedem para que as árvores sejam retiradas sob alegação de que as mesmas estariam servindo de esconderijo para bandidos. "Esse fato passa a ser um problema social, sendo necessário ser debatido por todos", ressalta.

Árvores nativas, como jenipapo bravo, burra leiteira, pau de ferro, foram plantadas pelo movimento na Praça do Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Algumas espécies são conhecidas por poucas pessoas. Por isso, queremos que sejam feitas mudas delas para serem replantadas e, assim, não se percam", comenta.

THAYS LAVOR - Diário do Nordeste
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1118404

domingo

Baobá e a consciência do povo

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Os registros, embora sejam uma forma de as pessoas mostrarem que passaram pelo local, são prejudiciais à espécie.
"Iaiá, esse baobá foi teu avô Senador quem plantou. Diz que trouxe a semente lá da África, da outra banda, repetia Joana o que ouvira Senha Liduína contar". A citação, do romance "Luzes de Paris e o fogo de Canudos", da escritora cearense Angela Gutiérrez, é prova de que o baobá centenário da Praça dos Mártires, mais conhecida como Passeio Público, já faz parte da memória de Fortaleza.

Infelizmente, apesar de ser uma das 45 árvores da cidade imunes ao corte, a espécie africana, plantada em 1910 pelo então senador Pompeu, está com o tronco danificado. Alana, Ane, Bianca, Bruno, Diego, Douglas, Ingrid, Yasmin, Patrícia e Paulo são alguns dos vários nomes gravados no baobá. A planta pode atingir até 45 metros e viver até seis mil anos.

A estudante K. S. M., 14, por exemplo, visitava o lugar acompanhada do pai e da irmã. Após tirar algumas fotografias na companhia da árvore robusta, a menina apanhou uma vareta do chão e tentou escrever seu nome na planta, mas, devido à fragilidade do objeto, não conseguiu. "Nunca vi uma árvore desse tamanho, só em filmes. Não sabia que existia uma assim em Fortaleza", afirma. Em relação aos rabiscos na árvore, a garota diz que são interessantes. "É para mostrar que essas pessoas estiveram aqui", comenta.

Os registros, embora sejam uma forma dos visitantes mostrarem que passaram pelo local, podem ser prejudiciais à planta, como explica o engenheiro agrônomo José Wilmar da Silveira, diretor do Departamento Técnico de Urbanização da Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb). "Os rabiscos deixam as árvores mais vulneráveis aos fungos, vírus e bactérias. O baobá, mesmo sendo um vegetal forte, pode ser prejudicado por causa desses ferimentos", informa.

Metáfora

Na opinião de Angela Gutiérrez, que também é professora de Literatura da Universidade Federal do Ceará (UFC), a árvore não deveria sofrer nenhum tipo de intervenção por parte dos visitantes, pois é um bem cultural e está localizado numa praça tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). "Louvo o esforço da Prefeitura para que o Passeio Público retorne à vida da cidade, mas, no caso do baobá, deveria haver uma maior fiscalização", opina.

Para a escritora, o baobá do Passeio Público pode ser considerado como uma metáfora do povo africano. "Apesar de todas as condições adversas de sua vinda e do desrespeito à sua dignidade e liberdade, eles aclimataram-se à terra brasileira, mesclaram-se às outras etnias e participaram do florescimento do povo que hoje somos e da cultura de múltiplas faces que criamos", acrescenta Angela.

Consciência

Conforme Luiza Perdigão, titular da Secretaria Regional do Centro (Sercefor), o órgão, em conjunto com a Emlurb, Guarda Municipal e Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), é responsável por manter e fiscalizar a praça. No entanto, a secretária acredita que a própria população deveria preservar os patrimônios da cidade. "É uma responsabilidade também do cidadão de Fortaleza, que deve ser consciente", fala.

De acordo com estudo do Núcleo das Africanidades Cearenses (Nace), da UFC, existem pelo menos sete baobás em Fortaleza. Dentre eles, o do Passeio Público, do Serviço Social da Indústria (Sesi) da Barra do Ceará, do Paço Municipal, do Horto Municipal e o da Universidade de Fortaleza (Unifor).

RAONE SARAIVA (diáriodonordeste) - Link matéria

quinta-feira

Ambientalistas criticam a morte indiscriminada, melhor seria a tentativa de recuperação das espécies

Por: MIGUEL PORTELA



A paisagem de Fortaleza ficou menos verde esta semana. O motivo foi o corte de duas árvores na Praia de Iracema ontem, outras duas na Praça da Igreja da Parangaba e uma centenária na Avenida Barão de Studart. A cada mês, a Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização (Emlurb) corta cerca de 300 espécies, dando, assim, um tom bem mais cinza para a cidade.

Uma média de nove árvores somem diariamente do cenário. Se a Capital, conforme dados do Anuário Ambiental de Fortaleza, perdeu 90% da sua área verde nos últimos 35 anos, a tendência é de piora. Os motivos para a supressão são os mais variados, desde quando a planta está "doente" até quando ela atrapalha algum interesse.

Redução

Dados das Secretarias Executivas Regionais (SERs) parecem revelar a quantidade reduzida de áreas verdes e parques em Fortaleza. A SER I conta com 62,09 hectares de área arborizada (2,48% do total do espaço da Regional), a SER II com 217,94 ha (4,42%), a SER III com 67,64 ha (2,44%), a SER IV com 47,00 ha (1,37%), a SER V com 144,24 ha (2,27%) e a SER VI com 246,31 ha (1,83%). Somando tudo, existem 785 hectares de áreas verdes, apenas 14% da geografia total de Fortaleza.

Na Praia de Iracema, o motivo da retirada das duas árvores, na Rua Cariri, foi o fato de elas estarem no meio do caminho de uma obra da Prefeitura, explica o diretor de Operações da Empresa, Franzé Cidrão. "Estão fazendo um calçadão e a planta foi retirada após a autorização dos técnicos", explica o gestor. Ele garante que nenhuma é suprimida sem motivo adequado. "Só fazemos o corte após avaliação e tomamos todo o cuidado com as podas também", diz.

Tristeza

A garçonete Aline Cosmo Azevedo, 23, levou um susto quando chegou ao trabalho e viu a famosa castanhola no chão. "Eu fiquei muito triste. A planta era saudável, dava era muita sombra e mantinha o ambiente ventilado. Agora ficou tudo feio", diz a jovem, funcionária de um bar em frente à Ponte Metálica.

Insatisfeito com o corte repentino, o marinheiro Marcos Aurélio, 51, acha que o projeto das obras deve se adaptar à disposição da vegetação. "Prefeitura devia replantar novas árvores para cada uma derrubada", critica Aurélio. A proprietária de um restaurante na entrada da Ponte, Cristina Costa, 49, denunciou o corte de outras quatro espécies na área. "Daqui mais um dia fica impossível respirar e viver em Fortaleza", comenta.

Na Avenida da Barão de Studart, esquina com Rua Eduardo Salgado, a cena é semelhante. Um toco largo de árvore denunciava a morte de mais uma planta. O vigia Otacílio Hipólito, 75, a conhecia bem, sabia a idade e as doenças da jovem "senhora" de mais de 100 anos. "A árvore estava morrendo. Por que não cuidaram dela antes?", questiona. A via tem outras plantas. Ele dá menos de dez anos para que todas as outras padeçam.

O ambientalista Arnaldo Fernandes critica a supressão das espécies, mesmo quando a planta estiver "definhando". O ideal seria, conforme ele, utilizar os princípios da prevenção. "Tem que ser feita uma avaliação muito rigorosa antes de qualquer medida. Tem que ser algo criterioso, não pode ser de qualquer jeito", critica Fernandes. Para ele, é obrigação do Poder Público pensar outras alternativas.

A Companhia Energética do Ceará (Coelce) realiza podas de árvores para manter, conforme a assessoria de imprensa, a boa continuidade do fornecimento de energia para todo o Ceará.

Por mês, em média, são realizadas de 7.500 a 8 mil podas na Capital, conforme o órgão. A Coelce só realiza o serviço nas que estejam em eminência de toque com a rede elétrica.

Fonte: Diário do Nordeste - Link matéria