As árvores, como a maioria das plantas superiores, possuem raízes, caules, folhas, flores e frutos. O que diferencia as árvores das demais plantas superiores é a presença de um caule com eixo principal (tronco), entre a copa e as raízes. A raiz é a parte da árvore que serve para fixar a planta no solo e absorver a água e os sais minerais. O caule conduz a seiva, armazena substâncias de reserva, dá resistência mecânica e sustenta a copa. As folhas absorvem a luz solar e os gases da atmosfera e elaboram substâncias alimentares necessárias ao desenvolvimento da planta. As flores comportam os órgãos reprodutivos da planta que, após a fecundação, transformam-se em frutos. Estes, por sua vez, possuem em seu interior as sementes que são dispersas pela própria planta, por agentes da natureza, animais ou pelo próprio homem. A árvore é um ser vivo complexo, com um ciclo de vida bastante prolongado, sendo que algumas delas chegam a alcançar 2000 anos.
A árvore cresce e desenvolve-se, em toda a sua vida, tanto em altura quanto em espessura. O crescimento em altura é denominado crescimento primário que ocorre nas partes apicais. Esse processo é o responsável pelo alongamento do tronco e ramos. O crescimento secundário é o responsável pelo aumento em diâmetro da árvore. Esse aumento se dá por meio de uma camada de células delicadas denominadas câmbio vascular, situada entre a casca interna (floema) e a madeira (xilema), camada essa que se estende por todo tronco, ramos e raízes. O câmbio, por meio de divisões celulares, adiciona novas camadas de células para o lado de dentro formando novas camadas de madeira e, para o lado de fora, produzindo a casca interna ou floema. Analisando uma seção do caule (regiões do tronco) no sentido casca-medula, têm-se na seqüência os elementos a seguir que são mostrados na figura 1.
Figura 1 - Representação esquemática do tronco de uma árvore mostrando suas diferentes regiões (adaptado: fonte desconhecida)
a) Casca - A casca externa (ritidoma) tem como função proteger o floema, o câmbio e o lenho dos fatores que podem causar danos à árvore, tais como fogo e geada. A casca interna (floema) que se situa junto ao câmbio e tem como função conduzir as substâncias nutritivas (seiva elaborada) nas plantas vasculares. é conhecida também como líber.
b) Câmbio - compõe-se de camadas de células situadas entre o lenho (madeira) e a casca interna (floema) e dá origem a estes tecidos.
c) Alburno - é formado pelas camadas mais exteriores ou mais novas da madeira, onde se dá o transporte da seiva bruta por meio dos vasos e estocagem de substâncias de reserva nas células do parênquima. A madeira dessa região geralmente é mais clara, mais leve e mais susceptível ao ataque de pragas. A maioria das células é ativa na árvore viva, mas nas camadas mais interiores dessa região as células apresentam envelhecimento constituindo o "lenho agonizante" que vai se transformar em cerne.
d) Cerne - é a parte mais interna do caule, constituída por tecido fisiologicamente inativo. A madeira dessa região vai, gradativamente, perdendo a atividade vital e adquirindo, freqüentemente, coloração mais escura devido à deposição de taninos, gomas, óleos, resinas e outros materiais resultantes da transformação das substâncias de reserva contidos nas células do parênquima do alburno interno antes de sua morte e posterior transformação em cerne. A cor mais escura, entretanto, não é uma condição necessária para existência de cerne. Existem espécies como o marupá - Simarouba amara Aubl. e o morototó - Schefflera morototoni (Aubl.) Decne. & Planch. onde não se observa diferença de coloração entre estas duas regiões. Em outras espécies, como o pau-santo – Zollernia paraensis Hurber e a muirapixuna - Swartzia leptopetala Benth., ocorrem cerne-alburno bem distintos pela cor. O cerne apresenta uma durabilidade natural bem maior do que o alburno e a principal razão disso é a presença de extrativos tóxicos aos organismos degradadores da madeira. A presença de infiltrações que inibem o ataque de fungos e insetos não está intimamente ligada à cor do cerne como muitas vezes se supõe (Panshin & de Zeeuw, 1980), mas sim, à toxidez dos extrativos, que podem ser de cor clara ou escura. Na transformação do alburno em cerne, além das infiltrações por extrativos mencionadas, há também obstrução de vasos pela invasão de células de parênquima (tilos ou tiloses) em madeiras de folhosas e o fechamento das pontuações nas coníferas. A formação de tiloses e a
infiltração das células por extrativos fazem com que o cerne apresente uma maior massa específica e durabilidade. A menor penetrabilidade é provocada, principalmente, pela obstrução dos vasos por tilos ou extrativos, tornando o cerne mais resistente à impregnação de preservativos e a causa de dificuldades na secagem. Por outro lado, a obstrução dos vasos reduz a quantidade de ar e de umidade, dificultando o desenvolvimento de fungos.
e) Lenho juvenil - são as camadas de madeira formadas imediatamente em torno da medula quando a planta era jovem. Essas camadas de madeira foram formadas quando a árvore iniciou seu crescimento em espessura (engrossamento), sendo assim um tecido menos resistente, o qual durante os processos de secagem contrai mais que o restante do lenho, contribuindo para empenamentos. Tanto o lenho juvenil quanto a medula são susceptíveis ao ataque de pragas como cupins, formigas e fungos, provocando, muitas vezes um oco no centro do tronco, mesmo na árvore em pé (figura 2).
f) Medula - a medula é a parte mais interna do tronco ou ramos, podendo ser central ou excêntrica, com diâmetro variável de um milímetro a dois centímetros. É formada por células parenquimatosas, provenientes de crescimento primário. Muitas vezes, ela é mais escura, destacando-se bem do lenho, porém, em algumas espécies, é difícil de ser percebida (figura 2).
g) Anéis de crescimento - É uma série de camadas de crescimento concêntricas, muitas vezes alternadas em partes claras e escuras de diferentes espessuras, que vão da medula até a casca, resultantes das divisões sucessivas do câmbio influenciado por condições ambientais e por condições específicas da espécie. Desta forma, as atividades do câmbio não são de forma contínua. Em regiões onde as estações do ano são bem definidas, os anéis de crescimento são bem diferenciados: Na primavera e verão, época mais propicia ao crescimento da árvore, a camada de madeira formada é de menor massa específica. Já no outono e inverno, período de repouso vegetativo, a camada de madeira é de maior massa específica e de maior resistência. Portanto, o número de anéis de crescimento na seção transversal do tronco, permite avaliar a idade da árvore, considerando que cada anel se desenvolveu durante o ano (figura 2).
Figura 2 - Anéis de crescimento da seção transversal de um tronco
Fonte: Melo, J.E.; Camargos, J.A.A. A madeiras e seus usos. 228 p. Brasília. 2011.