Nome popular: Ipê de El Salvador, Ipê-rosa
Nome
científico: Tabebuia pentaphylla Hemsl.
Sinonímia: Tabebuia heterophylla (DC.) Britton
Família: Bignoniaceae
Origem: El Salvador
ETIMOLOGIA
Tabebuia, do tupi, significa pau que não afunda; pentaphylla: penta = cinco,
prefixo grego e phyllon = folha, com
cinco folíolos.
ASPECTOS
ECOLÓGICOS
Árvore
de origem tropical, muito rústica e de e de rápido crescimento, é mais adaptada
ás regiões de clima quente, não sendo recomendado o seu cultivo nas regiões de
altitude do sul do Brasil onde ocorrem geadas frequentes no inverno.
É uma espécie da família Bignoniaceae, árvore
exótica muito plantada no Brasil, onde é utilizada como árvore ornamental pelo
florescimento na arborização urbana de parques, ruas e avenidas.
INFORMAÇÕES
BOTÂNICAS
Pode alcançar 15-20 metros de altura, em média, é
semidecídua, apresenta casca levemente fissurada no sentido longitudinal e lenticelas esparsas. Apresenta galhos longos,
formando copa alongada constituída por folhas grandes
de coloração verde-escura, compostas digitadas, com pecíolos longos,
opostas, com cinco folíolos rígidos, sendo o central maior, de ápice alongado,
de doze a dezoito centímetros de comprimento. As inflorescências terminais são
densas, em panículas volumosas, com flores campanuladas com cinco recortes, de
colorido variável, desde quase branco à rosa claro até rosa escuro, formadas normalmente
de agosto à outubro. Seus frutos têm forma de cápsulas cilíndricas, deiscentes,
com sementes aladas numerosas. Geralmente perdem suas folhas antes do
florescimento, podendo mantê-las parcialmente. É uma espécie tropical, rústica,
de rápido crescimento, adaptadas às regiões de clima quente e não recomendada
para cultivo nas regiões de ocorrência de geadas.
No Brasil a espécie de caracteres botânicos
similares a Tabebuia pentaphylla é o Handroanthus impetiginosa. No município
do Rio de Janeiro, a arborização de logradouros públicos é feita com uma
diversidade de espécies ornamentais, dentre elas, vários tipos de Ipês,
destacando-se a espécie Tabebuia
pentaphylla. Tem sido observado exemplares desta espécie com sintomas de
ataque de patógenos caracterizado por formação de super brotações
(envassouramento) nas gemas apicais das ramificações superiores da copa que com
o decorrer do tempo tornam-se fisiologicamente inativas, descaracterizando o
exemplar que floresce menos e com menor intensidade, apresentando um aspecto desagradável
e aumentando os custos com a manutenção estética do indivíduo arbóreo.
Existem poucos estudos que relacionem o ambiente
urbano com a ocorrência de doenças em árvores, no Brasil. Sabe-se, porém, que
existe grande chance de surgirem problemas de origem abiótica, como as injúrias
por descargas elétricas, as ações de origem antrópica ou distúrbios
fisiológicos decorrentes do estresse, em áreas urbanas. Embora a espécie T. pentaphylla seja muito utilizada em
arborização urbana, pouco se conhece sobre suas propriedades físicas, mecânicas
e químicas.
CARACTERÍSTICAS
E USOS DA MADEIRA
As
madeiras do gênero Tabebuia são muito
pesadas e duras, possuindo alta resistência mecânica e baixa retrabilidade
volumétrica. A secagem destas madeiras ao ar é de média a rápida, e apresenta
pequenos problemas de rachaduras e empenamentos, no entanto, a secagem
artificial pode agravar a incidência de defeitos. Estas características as
tornam moderadamente difícil de trabalhar, principalmente com ferramentas
manuais, que perdem rapidamente a afiação.
FITOSSANIDADE:
PRAGAS
As
espécies do gênero Tabebuia podem ser atacadas por:
Triozidae (Hemiptera:Psylloideae), identificados
como Trioza tabebuia (Burckhardt
& Santana, 2001), estes insetos descritos recentemente, estão relacionados
ao enrolamento foliar de várias espécies de ipês. Segundo os autores, as ninfas
desse psilídeo sugam a seiva das folhas novas, causando o enrolamento das
bordas. Com isso as folhas ficam menores, enroladas e a planta perde área
fotossintética. (
Rolepa unimoda (Dognin 1923) (Lepidoptera)
- Lagarta das folhas, mariposa de coloração verde-clara uniforme, exceto nas
áreas dorsolaterais do tórax, que apresentam tonalidade mais clara. Lagarta de
coloração amarelo claro, com corpo revestido por pelos curtos, finos e hialinos
e um pequeno processo no tergo do oitavo segmento abdominal. Pupas de coloração
marrom-escura e opaca, com casulo rudimentar, encontradas sob folhas caídas. Os
prejuízos são devido à desfolha das árvores.
Lonomia obliqua (Walker 1855)
(Lepidóptera) – Lagarta de fogo, mariposa de coloração marrom-acinzentada
(fêmea) ou amarelada (macho), com uma listra escura atravessando as asas
anteriores e posteriores. Durante o dia as lagartas, de hábito gregário, são
encontradas no tronco das árvores. Quando desenvolvidas, têm aproximadamente 70
mm de comprimento, coloração marrom, com três ou quatro manchas brancas dorsais
em forma de U, listras negras longitudinais e cerdas deforma arbórea e
coloração verde escura, pupa de coloração marrom escura, encontradas sob o solo
ao redor da árvore. Além dos prejuízos causados pela desfolha, às pessoas que
entram em contato com elas, podem ter acidentes hemorrágicos.
Além dos insetos aqui observados atancando Tabebuia spp., outros são citados na
literatura, como por exemplo:
Phiditia cupea (Lepidoptera: Lymantriidae),
Madoryx oiclus (Lepidodoptera:
Sphingidae), Portenomorpha sp.
(Lepidoptera: Pyraustidae), Rothschildia
arethusa (Lepidoptera: Saturnidae), Dorynota
belicosa (Coleoptera: Chrysomelidae),
Dorynota bidens (Coleoptera:
Chrysomelidae), Dorynota ensifera (Coleoptera:
Chrysomelidae), Dorynota monocerus (Coleoptera:
Chrysomelidae), Dorynota pugionata (Coleoptera:
Chrysomelidae), Dorynota spinosa (Coleoptera:
Chrysomelidae), Charidotis auroguttata (Coleoptera:
Chrysomelidae), Charidotis
punctatostriata (Coleoptera: Chrysomelidae), Callipogon luctuosum (Coleoptera: Cerambycidae), Oncideres dejeani (Coleoptera:
Cerambycidae), Desmiphora cucullata (Coleoptera:
Cerambycidae), Cydianerus bohemani
(Coleoptera: Curculionidae), Bomchis
sp. (Lepidoptera: Chrysaugidae), Rolepa
unimoda (Lepidoptera: Lymantriidae), Lonomia
obliqua (Lepidoptera: Hemileucidae), Planacoccus
citri (Hemiptera: Pseudococcidae), Ceroplastes
grandis (Hemiptera: Coccidae), Aethalion
reticulatum (Hemiptera: Aetalionidae), Trioza
tabebuia (Hemiptera: Triozidae), Aphis
spp. (Hemiptera: Aphididae)
DOENÇAS
DECLÍNIO DO IPÊ ROSA
Inicia-se com tumores ou galhas aéreas e
superbrotamento, que reduzem o valor desta planta ornamental. Ramos terminais
coletados de plantas com esta anomalia apresentam bactérias intracelulares em
seu interior, do gênero Bartonella. São bactérias
gram-negativas, pleomórficas, dotadas de motilidade própria, formando colônias
de crescimento extremamente lento em meios de cultura especiais. Cortes
anatômicos de ramos doentes apresentam células com conteúdo amorfo ou
filamentoso e muitas células com bactérias, nos tecidos da periderme
subepidérmica e na faixa cambial. Nos tubos crivados, elementos de vaso e nos
parênquimas, tanto do floema, como do xilema, algumas células apresentam
conteúdo amorfo e filamentoso e bactérias. Podem ser observadas tiloses nos
elementos de vaso.
OUTRAS
DOENÇAS RELACIONADAS COM Tababeuia spp.:
As doenças encontradas em ipês, nome genérico
para as árvores pertencentes aos gêneros Tabebuia,
Tecoma e Zeyheria, podem ser classificadas como importantes à medida que
preocupam pelos danos e perdas verificadas, pois os ipês são encontrados em
ruas, parques e jardins.
SEMENTES
Alguns estudos relacionados com patologia de
sementes de ipês revelam uma grande quantidade de fungos associados às
sementes. Vários gêneros de fungos patogênicos foram detectados, como por
exemplo: Fusarium, Colletotrichum, Phoma, Phomopsis, Cladosporium, Alternaria. Estes fungos podem reduzir a germinação das mudas e/ou
afetar o desenvolvimento das plântulas, bem como causar sintomas na parte aérea
de mudas. O ataque inicia-se nas vagens, continuando o processo durante a
maturação, a queda e nas sementes sobre o solo. (AUER, 2001)
TOMBAMENTO DE MUDAS
O tombamento de mudas conhecido também como
“damping off” é um problema comum em viveiros, ocorrendo na fase de pré ou
pós-emergência das plântulas. Os principais fungos associados pertencem aos
gêneros Botrytis, Rhizoctonia, Fusarium, Pythium e Phytophthora, entre outros.
PODRIDÃO BASAL DE MUDAS
A doença foi observada em Minas Gerais, em mudas
de ipê amarelo (T. serratifolia). O
agente causal é Sclerotium rolfsii
(fase assexual) ou Pellicularia rolfsii (fase
sexual), constatado em diferentes tipos de plantas, principalmente nas famílias
Leguminosae e Compositae.
NEMATÓIDES EM MUDAS
Registro existente da ocorrência de galhas
causadas por Meloidogyne em mudas de
ipês, nos Estados do Paraná e São Paulo. Foram constatadas as espécies M. arenaria em ipê roxo (T. impetiginosa) e M. javanica em ipê amarelo (T.
serratifolia). Os principais sintomas são a ocorrência de galhas no sistema
radicular e enfezamento da planta. Não existem informações sobre o efeito dos
nematóides em plantas adultas.
MANCHA DE CORYNESPORA
Doença caracterizada por manchas foliares
escuras, irregularmente arredondadas, com 1 a 15 mm de diâmetro, podendo
coalescer, formando grandes lesões. Apresentam um ponto central branco,
brilhante, sem formação de halos concêntricos. Ataques severos podem causar
desfolha. O fungo ataca espécies de ipê amarelo, branco e rosa, sendo o ipê
branco o mais suscetível. O agente causal é o fungo Corynespora cassiicola.
MANCHA DE ASTEROMIDIUM OU
MANCHA ESCURA
Doença em folhas de ipê-amarelo (T. serratifolia) e em mudas de
ipê-ovo-demacuco (Tabebuia sp.),
registrada nos estados do Pará, São Paulo, Minas Gerais e Espirito Santo. O
patógeno é Asteromidium tabebuiae, o
qual forma frutificações nas manchas, principalmente na superfície superior dos
folíolos. Sob condição de alta umidade surgem massas de esporos
creme-alaranjadas sobre as frutificações
CROSTA-MARROM
A crosta-marrom é comum no estado de São Paulo e
em Minas Gerais sobre T. serratifolia.
O agente causal é o fungo Apiosphaeria
guaranitica. A doença é caracterizada por crostas estromáticas irregulares
e rugosas de aspecto ceroso, em ambas as faces das folhas, sendo mais freqüente
na face superior. A coloração da crosta é inicialmente amarela, tornado-se
marrom, passando ao negro, na fase de senescência da folha. Ocorre queda
prematura da folhagem, impedindo a floração normal da planta.
MANCHA BORRÃO
Registrada em Minas Gerais, está doença é
freqüente em ipê-amarelo (T. serratifolia),
mas geralmente com baixa incidência em mudas passadas e em árvores. O fungo Phaeoramularia tabebuiae tem sido
considerado como o suposto patógeno dessa doença, pela constante associação com
essas manchas foliares. Pode ser confundido com Cercospora spp., porém diferencia-se por apresentar conídios
produzidos em cadeias simples ou ramificadas, com vários tamanhos e número de
septos. Os sintomas são manchas irregulares, circulares e em número variável
por limbo maduro ou velho. O sintoma marcante manifesta-se na superfície
superior do limbo, pouco observadas na face inferior. As manchas têm porções
internas com tonalidade branca, parecendo ser salpicadas por algum tipo de
sujeira, resultando desse sintoma o nome da doença. As manchas são contornadas
por um halo periférico marrom-escuro. Não existem medidas de controle
recomendadas.
MANCHA DE SEPTORIA
Doença em folhas maduras de árvores de
ipê-amarelo, em Minas Gerais. O fungo Septoria
sp. tem sido considerado como o provável patógeno, por causa da associação
constante dos seus picnídios nas superfícies adaxiais das manchas. Os sintomas
se parecem com a mancha borrão, porém a tonalidade da porção central da mancha
de Septoria é branca e muito mais
limpa. Em algumas manchas velhas podem ser notados poucos e minúsculos
salpiques escuros, que são os picnídios emergentes de Septoria sp. As manchas iniciam-se como pontuações ou pequenas
áreas marrom-arroxeadas. Manchas desenvolvidas apresentam-se contornadas por
forte e característico halo periférico marrom-arroxeado. Não existem medidas de
controle recomendadas.
OÍDIO
Caracterizada por um crescimento branco bem
visível, em manchas esparsas nas folhas. Em condições de temperatura amena e
alta umidade, as folhas podem ficar totalmente cobertas. Com o desenvolvimento,
essas manchas escurecem, tornando-se pardas. O oídio pode ser causado por
diferentes espécies de fungos, pertencentes aos gêneros Oidium e Ovulariopsis
(fase assexual) e Uncinula e Phyllactinia (fase sexual). Como
controle, recomenda-se pulverizações com fungicidas, com produtos alternativos
(bicarbonato de sódio) e até agentes de controle biológico (Bacillus).
FERRUGEM
A ferrugem ocorre em mudas e árvores de ipês, em
viveiros, ruas, avenidas e parques. O patógeno em Tecoma stans é o fungo Prospodium
appendiculatum e no caso de Tabebuia
serratifolia é Prospodium bicolor.
FUMAGINA
Duas fumaginas foram relatadas em ipê, em Minas
Gerais. As doenças aparentemente não causam problemas, a não ser o aspecto
enegrecido que deixam sobre a planta. Talvez, por este motivo, não hajam
recomendações de controle.
MANCHA-DE-ALGA
Este problema foi detectado na copa de T. serratifolia, sob ambiente úmido e
sombreado. Os sintomas são verificados na parte superior do limbo foliar, na forma
de manchas feltrosas, variando de 1 a 15 mm de diâmetro. As manchas
apresentam-se de coloração rósea a rósea-creme, decorrente das estruturas
vegetativas e reprodutivas da alga Cephaleuros
sp. Aparentemente, a colonização das folhas pela alga não causa prejuízos à
planta, uma vez que as mesmas encontram-se velhas e senescentes. Não existe
necessidade de controle, embora seja mencionado que fungicidas poderiam
controlar o problema.
Revisão e editoração: Bióloga Leila Araújo Borges Proença
AUER, C.G. Doenças em Ipês: identificação e controle. Colombo: EMBRAPA, 16 p. 2001 (Série documentos).
AVELINO, E.F. Avaliação das propriedades químicas da madeira de Tabebuia pentaphylla oriunda da arborização urbana sob a ação de patógenos. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal), UFRRJ, 2006,14p.
BRUN, F.G.K; MUNIZ, M.B. Doenças em árvores e plantas ornamentais urbanas, UFSM, 2006, 90p.
JANKOWSKY, I.P., CHIMELO, J.P., CAVALCANTE, A.A., GALINA, I.C.M., NAGAMURA, J.C.S. Madeiras Brasileiras. Caxias do Sul: Spectrum, vol. 1, 1990. 172p.
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