O que era apenas uma intuição foi comprovado cientificamente: em dias de sol pleno, a sensação de conforto térmico em áreas externas próximas às árvores é muito melhor do que naquelas em que não há vegetação nas proximidades. A dissertação de mestrado desenvolvida na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) pela arquiteta Loyde Vieira de Abreu constatou que a sensação de bem-estar ocorre mesmo fora da sombra oferecida pela copa da árvore, numa distância entre 10 e 15 metros do tronco, fato que, segundo a pesquisadora, era desconhecido na literatura.
A sensação agradável na sombra de uma árvore já foi, inclusive, comprovada por métodos científicos. Neste sentido, o estudo buscou identificar o raio de influência no conforto térmico alcançado por espécies comuns encontradas em Campinas. “Existem poucos dados conhecidos sobre os benefícios trazidos pelas árvores e grupos de árvores nesta área. Por isso, quis entender como se comportam as diferentes espécies no microclima urbano, em razão de suas características morfológicas”, esclarece.
Orientada pela professora Lucila Chebel Labaki, Loyde fez várias medições de temperatura e umidade, utilizando aparelhos como solarímetro e globo de cobre pintado de cinza. Isto para aferir o efeito da sensação térmica simulando uma pessoa fazendo caminhadas leves com roupas também leves.
O estudo contemplou o ipê-amarelo, o jacarandá mimoso, a chuva de ouro, o jambolão e a mangueira. Para cada uma das espécies, ela permaneceu três dias, das 6 horas da manhã até as 18 horas, para conseguir parâmetros ideais de avaliação. Para as conclusões sobre a sensação térmica, Loyde utilizou como base a zona de conforto tridimensional feita para a cidade de Campinas por pesquisadores da própria FEC. Ela mediu ainda as sensações para distâncias entre 10, 25 e 50 metros e distâncias menores a cada 2,5 metros até 15 metros. Pelos cálculos, em um raio de 50 metros praticamente não teve nenhuma influência térmica.
Outro aspecto do trabalho foi a análise do ciclo hidrológico a partir da evapotranspiração, ou seja, a capacidade de transformar água em vapor, ocorrendo como conseqüência a termo-regulação do ambiente de maneira natural. Com isso, a pesquisa também calculou a média de consumo de água pelas árvores estudadas. O jambolão, por exemplo, consome 100 litros de água por dia e a chuva de ouro, apenas 30. O estudo foi financiado pela Fapesp.
Fonte: Santos, R. C. Jornal da Unicamp. Campinas, 29 de setembro a 5 de outubro de 2008 – Nº 411. Disponível em: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/setembro2008/ju411_pag08b.php#
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