Os cupins têm nos produtos celulósicos sua principal base de alimentos. Essa celulose pode provir de produtos vegetais vivos, mortos, transformados naturalmente ou industrializados pelo homem. Assim, vamos encontrar espécies que atacam mudas de plantas vivas, como as espécies que atacam os eucaliptos, plantas de arroz, toletes de cana e etc. Temos muitas espécies humívoras, que concentram grandes quantidades de matéria orgânica em suas câmaras de celulose, como, por exemplo, o nosso "cupim-de-montículo", cujos ninhos se encontram amplamente disseminados em nossas pastagens. Outras espécies atacam a madeira morta ou serrada, como se observa nos moirões de cerca, engradamentos de casas, móveis, etc.
Além dos produtos vegetais, também alguns produtos de origem animal podem sofrer o ataque de cupins, como a lã, couros, chifres, marfim, etc. O ataque pode ocorrer em produtos de outra natureza, e damos abaixo uma lista destes, que sofrem prejuízos pelo cupim mais primitivo que se conhece e que existe na Austrália, o Mastotermes darwiniensis. Segundo pesquisadores de lá, a lista é a seguinte (além de madeira, árvores vivas e arbustos): papel, couro cru, couro industrializado, lã, chifre, marfim, fibras vegetais, feno, açúcar, farinha, sacos de sal, betume, borracha, ebonite, excrementos humanos e de animais, plásticos, cabos revestidos de chumbo e ainda podem corroer superfícies de vidro e de alguns metais.
Dos alimentos chamados "brutos", outros são também utilizados, como exúvias dos elementos da própria colônia; algumas espécies africanas e asiáticas comem fungos cultivados no interior de seus termiteiros, outros comem cadáveres de seus próprios companheiros, quando estão combalidos ou são imolados, como certos soldados, que são mortos quando há falta de alimentos em épocas ruins. O canibalismo é forma normal de alimentação na maioria das espécies.
O mecanismo de alimentação destas sociedades não cessa após a ingestão inicial dos alimentos ditos "brutos", já que estes alimentos "brutos" percorrem caminhos bastante longos - na verdade passam de um indivíduo para outro, sendo portanto uma alimentação solidária e com características, entre os cupins, bem diferentes das de outros insetos sociais.
Esta alimentação solidária é o fator maior do gregarismo de tais sociedades. É o conceito conhecido hoje como trofalaxia, isto é, a troca de alimentos elaborados entre indivíduos da colônia ou com seus simbiontes.
O termo trofalaxia evoluiu de Oecotrophobiosis, pois além da troca familiar de alimentos, e com simbiontes, incluem-se na nova terminologia os estímulos táteis e químicos que ocorrem nestas ocasiões.
Nos cupins, além do exsudato muito procurado, a troca de alimentos elaborados dá-se pela boca ou pelo ânus. O alimento regurgitado pela cavidade bucal é denominado de estomodeico, e o que sai pelo ânus é chamado de proctodeico. O alimento estomodeico pode ser de dois tipos: um é o líquido claro e, ao que tudo indica, usado em certas situações, como, por exemplo, na alimentação das rainhas e das formas neotênicas, e o outro tipo trata-se de um fluido que contém, em suspensão, fragmentos de madeira ingerida somente até a parte anterior do tubo digestivo.
Quanto aos alimentos proctodeicos, existem também dois tipos: além das fezes normais que são comidas, existe o verdadeiro alimento proctodeal, obtido pela influência de companheiros que, tateando com sua antena a região perianal de outro membro de colônia, provocam excitações que vão fazer com que este indivíduo expulse certa quantidade de seu conteúdo retal. Este material é um fluido onde nadam abundantes flagelados e que contém também fragmentos de madeira.
Enquanto o alimento estomodeico é constante para todas as espécies de cupins, o proctodeico pode variar desde a simples coprofagia até inexistir, como ocorre em certas espécies, por exemplo, nos humívoros, cujas fezes contêm altas percentagens de terra.
Fonte: Nogueira, S. B. Os cupins. Universidade Federal de Viçosa - UFV. Imprensa universitária. 1995.
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