A árvore é o vegetal mais presente na vida e no ciclo histórico do homem. No inicio, era usada como combustível para alimentar as fogueiras dentro das cavernas, passando posteriormente, a ser usado como arma de caça, implemento agrícola, componente das casas e, hoje, está inserido no cotidiano do homem em vários momentos e nas mais diversas formas. Porém, a inserção da árvore no contexto urbano é muito recente na história dos povos.
A arborização urbana diz respeito aos elementos vegetais de porte arbóreo dentro da cidade. As árvores plantadas, em calçadas, fazem parte da arborização urbana, assim como parques e praças sem caracterizar Áreas de Preservação Permanente (APP) e podem ser subdivididos em áreas verdes de uso público lazer e particular. A arborização urbana é de vital importância principalmente nos grandes centros urbanos.
Com uma área verde na cidade, a temperatura é mais baixa, evitando as ilhas de calor, que se formam rapidamente em grandes metrópoles com urbanização intensa como São Paulo e Rio de Janeiro no Brasil, e Nova Iorque, Pequim entre outras. Geralmente, as ilhas de calor são formadas pela concentração de concreto, pela escassez de áreas verdes e pelo elevado nível de poluição ocasionado, na maioria das vezes, pelos veículos que circulam pela cidade. Portanto, a arborização é de grande importância para a população de uma cidade, pois melhora a qualidade do ar, reduz a propagação do som, e diminui em cerca de 10%, o nível de material particulado.
O que é arborização urbana:
De acordo com SANTOS (1997):
Compreende-se como arborização urbana o conjunto de terras públicas e particulares com cobertura arbórea que uma cidade apresenta. Ou seja, são todo e qualquer local que tenha uma árvore plantada no perímetro urbano da cidade. Seja ela uma área pública, semi- pública ou particular, bosque, mata ciliar e outros desde que dentro da área urbana.
Pode-se dizer que arborização urbana é o conjunto de árvores localizadas no perímetro urbano de uma cidade. Embora muitos achem que arborização urbana é apenas aquela plantada pelos órgãos públicos, o conceito inclui também florestas nativas remanescentes no perímetro urbano. E as árvores de componentes da paisagem antrópica tais como árvores de seus jardins e pomares domésticos.
A importância da arborização urbana:
Microclima:
No caso do ambiente urbano, verifica-se que o acelerado crescimento demográfico, conjugado a outras variáveis do espaço urbano, contribuem de forma significativa nas alterações dos elementos climáticos. A cidade imprime modificações nos parâmetros de superfície e da atmosfera que por sua vez, conduzem a uma alteração no balanço de energia.
Todos os elementos paisagísticos devem ser cuidadosamente tratados a fim de trazer benefícios que interferirão no projeto integrado, visando à melhoria da qualidade do ar, o sombreamento da edificação e adjacências, o controle da ventilação e da umidade. A maior parte da carga térmica de uma edificação provém da radiação solar e da temperatura do ar exterior, sendo necessário um rigoroso controle dos elementos microclimáticos para eliminar o excesso de energia que tornaria inóspito o ambiente construído.
Todo este fenômeno pode ter um diferencial térmico bastante significativo em relação a locais mais arborizados, visto que as árvores interceptam, refletem, absorvem e trans a radiação solar. Uma adequada arborização e uma boa ventilação constituem dois elementos fundamentais para a obtenção do conforto térmico para o clima tropical úmido.
Saúde:
A área verde tem função de se constituir em um espaço social e coletivo, sendo importante para a manutenção da qualidade de vida, por facilitar o acesso de todos, independentemente da classe social, promove integração entre os homens. A (OMS) recomenda que as cidades tenham, no mínimo, 12 metros quadrados de área verde por habitante, e também como agentes antimicrobianos. Agem ainda contra a poluição atmosférica, sonora e visual.
Têm considerável potencial de remoção de partículas e gases poluentes da atmosfera, e em pesquisas experimentais foram constatados que as cortinas vegetais foram capazes de diminuir em 10% o teor de poeira do ar.
O excessivo som urbano proveniente do tráfego, equipamento, indústrias e construções interfere na comunicação, lazer e descanso das pessoas podendo afetá-las psicológica ou fisiologicamente.
Arborização urbana no mundo:
Segundo os autores Santos e Teixeira (2001), a inserção da árvore no contexto urbano é muito recente na história dos povos, relata que até 1700, este componente vegetal era vista apenas como integrante das florestas que circundavam as cidades, mas os pesquisadores da época já iniciavam estudos sobre a dinâmica de desenvolvimento das árvores nos jardins botânicos em toda a Europa. É a partir de 1800, através da iniciativa pioneira das cidades de Londres e Paris, com seus squares e boulevars, respectivamente, que as árvores foram, definitivamente, introduzidas na malha urbana.
O desenvolvimento urbano na Europa iniciou-se na metade do século XV e o aparecimento da vegetação em espaços públicos ocorreu no século XVII.
Toda cidade importante na Europa, a partir do século XVII, construiu seu passeio ajardinado e arborizado.
Não só pela beleza ou estética, mas por necessidade para amenizar os problemas causados pela excessiva impermeabilização do solo e materiais que aumentam a amplitude térmica nas cidades.
Arborização urbana no Brasil:
Lorenzi (1998 e 2002) apresentou 704 espécies de árvores nativas brasileiras e também informações importantes para aqueles interessados em reproduzi-las, tais como onde obtê-las, como preparar suas sementes, tempo de germinação e produção das mudas, além da indicação de quais são as espécies adequadas para a arborização urbana. Também comentou quais delas produzem frutos que podem atrair a avifauna para a área urbana, já que essas normalmente se distanciam em procura de alimentos.
Lorenzi (2002) também explicou que as plantas nativas do território brasileiro estão ligadas a história e ao desenvolvimento econômico e social do país. Para o autor a mais antiga relação é com o próprio nome da nação Brasil, de origem do nome da árvore conhecida popularmente como pau-brasil, e cientificamente como Caesalpinia echinata Lam. Ele reforça ainda que, as árvores nativas que existiam nas ruas, avenidas, praças e jardins das cidades brasileiras eram trazidos de outros países. Trata-se de espécies conhecidas exóticas apesar de o Brasil possuir a flora arbórea mais diversificada do mundo. Ele incentiva o uso de espécies nativas para a prática da arborização, porém, vale ressaltar que nem todas as espécies estão aptas a serem instaladas nas cidades, pois muitas delas apresentam porte de copa muito elevado, e possui raízes volumosas, dão frutos de grandes portes e estão sujeitas a rompimento ou quebra de galhos com facilidade trazendo riscos á população.
O sistema capitalista visa que consumamos cada vez mais, e com isso o ser humano nas cidades vai se distanciando dos vegetais em troca da modernidade, ou seja, cortam as árvores para construir e ampliar as suas residências para obter mais conforto.
Em nosso país, a cidade do Recife foi o primeiro núcleo urbano a dispor de arborização de rua, em pleno século XVII, sendo retomada esta atividade, no século XIX, com forte influencia européia (SANTOS; TEIXEIRA, 2001).
Com o surgimento de grande número populacional nos centros urbanos e também das indústrias, as cidades passaram apresentar estrutura e elementos que substituíram as vegetações tais como: asfaltos, edificações, concretos, estruturas metálicas e vidros entre outros elementos que elevam a temperatura causando desconforto nas pessoas, por isso (SANTOS; TEIXEIRA, 2001), aborda que a presença do verde foi necessária no meio urbano, entre tanto não ocorreu um desenvolvimento esperado da mesma, pois as condições para seu desenvolvimento eram inadequadas, devido a carência de técnicos específicos.
No Brasil, nos três primeiro séculos, foi uma simples colônia portuguesa, com pequenas aglomerações. É importante lembrar que a própria cultura portuguesa não valorizava a arborização urbana (SCHUCH, 2006).
No Recife, no período de ocupação holandesa, houve uma tentativa de reproduzir características próprias de cidades européias, sendo que foram plantadas muitas palmeiras e laranjeiras no pátio do palácio do governador (SCHUCH, 2006).
Nos anos de 1930 e 1940 e no período posterior á segunda Guerra Mundial, o Brasil apresentou um aumento razoável da classe média da população:
Foi na época em que ocorreram mudanças na paisagem, Roberto Burle Marx considerado o pai do paisagismo tropical, artista plástico, pintor e escultor inovaram a paisagem urbana, fazendo nas paisagens urbanas formas diferentes. Fazia uma ligação entre as plantas e os homens, sempre em perfeita harmonia. Foi ele quem projetou vários jardins no Brasil e no exterior, tais como o prédio das Organizações das Nações Unidas (ONU) em Nova York, o jardim das Nações em Viena, o Aterro do Flamengo, o Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, o Aeroporto de Pampulha, em Belo Horizonte (SCHUCH, 2006).
O clima urbano é muito diferente do ambiente natural, a amplitude térmica, o regime pluviométrico, balanço hídrico, a umidade do ar, a ocorrência de geadas, granizos e vendavais precisam ser considerados. Nas cidades, devido ao grande número de pavimentações que não permitem o escoamento das águas, resíduos sólidos, despejados tanto das residências como das indústrias poluem e comprometem o solo urbano. Quanto à qualidade do ar, esta fica comprometida pela combustão de veículos automotores e pela emissão de poluentes devido às atividades industriais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 5ª edição. São Paulo: Gaia, 1998.
LORENZI, Harri, Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. 2ª edição. Nova Odessa, São Paulo: Editora Plantarum, 1998.
LORENZI, Harri, Árvores brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. 3ª edição. Nova Odessa, São Paulo: Instituto Plantarum, 2002.
MENDONÇA. Francisco de Assis. Geografia e Meio Ambiente. 8ª edição. São Paulo: contexto 2005. 4. Caminhos de Geografia. O Ambientalismo geográfico engajado na transformação da realidade (segundo momento).
PINHEIRO, Jairo Augusto Nogueira. Artigo: Arborização Urbana, publicado em 02/10/2008 graduado em Meteorologia na UFPA. Disponível em http://www.webartigos.com/articles/9812/1/Arborizacao-Urbana/pagina1.html. Acesso em 20/11/2010.
SANTOS, Paulo José Ferreira. A PERCEPÇÃO DOS MORADORES SOBRE A ARBORIZAÇÃO DE RONDONÓPOLIS-MT UFMT 1997. Monografia (Especialização em Educação Ambiental) – DEGEO/ICHS/ Universidade Federal de Mato Grosso, 1997.
SANTOS, Nara Rejane Zamberlan dos, TEIXEIRA, Italo Filippi. Arborização de Vias Públicas: Ambiente X Vegetação. Santa Cruz do Sul: Clube da Árvore 2001
SCHUCH, Mara Ione Sarturi. ARBORIZAÇÃO URBANA: UMA CONTRIBUIÇÃO Á QUALIDADE DE VIDA COM USO DE GEOTECNOLOGIA. Dissertação (Mestrado em Geomática) - Universidade Federal de Santa Maria-RS, 2006. Disponível em http://cascavel.cpd.ufsm.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1088 acesso em 26/10/2010.
Fonte: http://www.webartigos.com/artigos/conceitos-de-arborizacao-urbana/99622/
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