“Precisamos passar por uma mudança de comportamento da população. Não adianta ficar chorando pela floresta distante, se estão acabando com a Amazônia, se a pessoa não cuida da árvore em frente da própria casa”, afirmou a secretária de Meio Ambiente, Raquel Mendes.
O poder público municipal não tem uma estimativa da quantidade de árvores existentes hoje na área urbana de Uberlândia. Um estudo nesse sentido está previsto para ser executado no segundo semestre.
A Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam como ideal o mínimo de 12 metros quadrados de área verde para cada habitante, mas, segundo Raquel Mendes, esse parâmetro não tem legimitidade científica comprovada. “Não sabemos como se chegou a esse índice, fizemos uma consulta à Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, se a gente poderia considerar arborização de calçadas, mas ela não entra no cálculo. Seriam só parques e praças”, afirmou.
Lei que determina uma árvore por cada lote não é cumprida
Para retirar o documento Habite-se em Uberlândia, a Lei Orgânica do Município de Uberlândia determina que seja plantada uma árvore em calçada pública para cada 10 metros de testada do imóvel. Segundo dados da Secretaria de Planejamento Urbano existem cerca de 220 mil imóveis na cidade, portanto, deveriam existir, no mínimo, 220 mil árvores plantadas em calçadas da cidade. Mas basta dar uma andada rápida por Uberlândia para constatar que a lei aparentemente não é obedecida.Nos 64 quarteirões da avenida João Pinheiro, por exemplo, uma das principais vias da região central de Uberlândia, 16 quadras não têm nenhuma árvore plantada na calçada. A avenida passou por uma reforma no início desta década e foram criados espaços para plantio de vegetação, mas a ideia, literalmente, não vingou. “Essas áreas (região próxima à avenida João Pinheiro) ficaram desertas, é fato, porque a pessoa planta a árvore, pega o Habite-se, e depois corta a árvore e tampa o buraco”, afirmou o secretário de Planejamento Urbano, Rubens Yoshimoto. Tanto ele como a secretária de Meio Ambiente admitem que a fiscalização para coibir estes atos é precária na cidade. “Não tem gente suficiente para fiscalizar isso não. Por isso, pensamos no plano de arborização para identificar onde não tem (cobertura vegetal)”, afirmou Raquel Mendes.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente aprovou no mês passado, junto ao Conselho de Desenvolvimento Ambiental (Codema), projeto que visa executar um plano de arborização na cidade. A intenção é chegar ao número ideal de árvores plantadas na área urbana uberlandense. O recurso utilizado será proveniente do Fundo Municipal de Meio Ambiente. “Vamos fazer o diagnóstico bairro por bairro, montando quatro equipes com estagiários para trabalhar nas quatro regiões. Estamos providenciando os editais e as contratações, e queremos estar até em agosto com o pessoal na rua. É um trabalho para ser executado até o fim de 2012”, afirmou Raquel Mendes.
Preocupação vai além do corte e falta de árvores na cidade
Em decorrência do Dia Mundial do Meio Ambiente, o CORREIO de Uberlândia consultou especialistas na área para verificar quais são e onde estão os principais problemas e também os avanços na preservação do ecossistema na cidade. O ponto comum foi a preocupação com os recursos hídricos, sobretudo na ocupação das nascentes do rio Uberabinha e a poluição na sua jusante. “O problema dos resíduos também é muito grande, mas está tendo um avanço com o início da coleta seletiva. Outra preocupação nossa são os grandes empreendimentos em locais indevidos, como na nascente do rio Uberabinha”, afirmou a bióloga, gestora ambiental e supervisora geral da ONG Organização para a Proteção Ambiental (OPA!), Thaianne Resende Henriques.O avanço imobiliário no setor sul da cidade é outro fator de inquietação para o biólogo e pesquisador independente, Gustavo Malacco. Entre os avanços, ele destaca o projeto “Buritis”, de preservação dos cursos de água das nascentes que abastecem a cidade e o projeto de coleta seletiva. “Mas Uberlândia tem menos de 20% de vegetação natural. O loteamento no Shopping Park, por exemplo, era uma área de cerrado com conexão com o Uberabinha, que tem no outro lado do rio a reserva do (clube) Caça e Pesca. Por que não lotear em outras áreas urbanas já antropizadas (desbravadas pela ação humana)?”, afirmou.
“Lá já eram áreas de pastagens degradadas. A expansão está ocorrendo dentro do perímetro urbano, que não foi alterado”, afirmou o secretário de Planejamento Urbano, Rubens Yoshimoto. “Todo loteamento, quando vai haver supressão de vegetação, a secretaria de Meio Ambiente faz análise e pede compensação”, afirmou.
Cortes
Os cerca de 100 pedidos mensais para corte de árvore em Uberlândia, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, estariam ligados principalmente ao plantio de espécies não indicadas para calçadas.Mais informações sobre podas, cortes e plantio no Disque árvore: (34) 3213-6676
“Outra preocupação nossa são os grandes empreendimentos em locais indevidos, como na nascente do rio Uberabinha”
Thaianne Resende Henriques
Supervisora geral da ONG OPA!
Arthur Fernandes - Link
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